Comentário da Montfort:
Publicamos,
hoje, um artigo verdadeiramente sensacional, no sentido pleno dessa palavra.
Embora
não se possa, sem risco, dar aval total de credibilidade ao que é contado,
permanece indiscutível a verossimilhança do que está dito nesse artigo,
verossimilhança provocada pela grande coincidência dos fatos atuais com o que
foi narrado de modo romanceado por Malachi Martin, há tantos anos. Só a leitura
do Terceiro Segredo de Fátima — ainda não revelado — pode confirmar essa
verossimilhança. Particularmente impressionante é o caso da reforma da Capela
Paulina promovida por Bento XVI, fato de certo modo corriqueiro, mas ao qual,
nos meios vaticanos, se deu uma importância muito acima ao de uma simples
reforma de uma capela e de um altar...
Por
quê?
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Blog Fides et Forma, quinta Feira, 20 de
maio de 2010:
Francesco Colafemmina
Já
a alguns dias, estou nos Estados Unidos a trabalho e, hoje, entrando em uma
livraria caiu em minhas mãos um livro desconcertante. Trata-se da obra do Padre
Malachi Martin que tem por título "Hostage to the Devil", publicado
originalmente em 1976, e depois, de novo, em 1992.
Por
que esse livro é desconcertante? Muito simplesmente porque o prefácio da sua
segunda edição parece ter sido escrita hoje, exatamente apoiado nos fatos destes últimos meses de
escândalos de pedofilia no clero católico, de
anos atrás ou mais recentes.
O
Padre Malachi Martin, foi um jesuíta antigo muito próximo colaborador do
Cardeal Bea, durante o pontificado de João XXIII. Em seu livro, ele conta cinco
casos típicos de possessões diabólicas, esclarecendo a real existência do
Maligno, e aconselhando como evitar a sua penetração em nossas vidas. No
prefácio à segunda edição desse seu volume, ele destacava o crescimento do
fenômeno do satanismo, sua difusão capilar, sua penetração na sociedade e a
exposição cada vez mais indefesa das crianças ao fenômeno satanista, em todas
as suas expressões. Impressionou-me particularmente esta frase: "Pelo
menos em três grandes cidades dos USA membros do clero têm à sua disposição
pelo menos um coven (local de
encontro para o ritual satânico) pedófilo,
freqüentado e mantido exclusivamente para membros do clero".
A
atenção posta por Malacchi Martin no fenômeno da pedofilia no clero católico
era evidentemente incomum naqueles anos (1992), portanto só pode causar
estupefação. E é extremamente interessante descobrir que o Padre Malacchi
Martin considerava que as crianças de sexo masculino fossem preferidas pelos
satanistas como substitutas do Menino Jesus, na típica inversão diabólica.
Neste
ponto, corroborado por outro lado pela discutida, mas reveladora
declaração do Papa Bento durante o vôo para Fátima em 12 de Maio passado,
considero que tenha chegado o momento de falar também de um outro livro do
Padre Malachi Martin. Trata-se do romance (de 1996) intitulado Windswept House
(A Casa Varrida pelos Ventos). É inútil procurar esse livro em italiano, não o
encontrareis! De fato, esse livro jamais foi traduzido, e provavelmente isso
não aconteceu por acaso.
Esse
volume me deixou muito curioso por causa de algumas citações encontradas na
internet, assim há alguns meses encomendei uma cópia. O romance é vivido no
Vaticano durante os anos noventa, e fala de modo bastante explícito de acontecimentos ligados ao
pontificado de João Paulo II. Porém, o mais interessante é uma de suas três
breves premissas históricas ocorridas do ano de 1963.
Que
aconteceu naquele ano? Segundo o romance, em 29 de Junho de 1963, no Vaticano,
e para ser mais preciso, na Capela Paulina foi celebrado um ritual satânico do
qual participaram altos prelados, Bispos, simples sacerdotes e leigos. Segundo
Malachi Martin tratava-se de realizar uma profecia do satanismo moderno que
anunciava o advento da era de Satanás no momento em que um Papa tivesse
assumido o nome de Paulo. O último Papa Paulo foi Camillo Borghese, morto em
1621. Em 21 de Junho de 1963 foi eleito Papa o Cardeal Montini, que assumiu o
nome de Paulo VI. Malachi Martin conta, pois, que na noite entre 28 e 29 de
Junho de 1963, uma semana após a eleição de Paulo VI, foi organizado esse
ritual satânico no Vaticano, com a finalidade de entronizar Satanás no coração
da Cristandade.
Os
satanistas, porém, não podiam organizar um ritual completo: como teriam podido
levar a vítima e o animal sacrifical ao Palácio Apostólico? Decidiram, pois,
combinar dois ritos a serem celebrados ao mesmo tempo. Um, incruento, no Vaticano,
na Capela Paulina, e um outro, cruento, a ser celebrado nos USA. Os ritos
aconteceriam simultaneamente, e seriam sincronizados através de telefone. Quem
oficiou no Vaticano? Martin não o diz. Fala apenas de Prelados, sacerdotes e
leigos. Quanto ao rito paralelo, ele é mais claro e conta que aconteceu numa
Igreja paroquial da Carolina do Sul, e quem o celebrou foi um tal "Bispo
Leo". Um tal nome não deve ser casual. E, de fato, somente na diocese da
Carolina do Sul encontramos, em 1964, o Bispo Ernst Leo Unterkoefler. Este, em
1963, já era Bispo titular de Latópolis, e participava ativamente do Concílio
Vaticano II. Eis, pois, porque um Bispo de um estado periférico dos USA podia
ter tão estreitas ligações no Vaticano, tanto que podia oferecer-se para
organizar um tão abominável ritual. Mas prossigamos a narração do romance. O
ritual será feito na Carolina do Sul através da violência sexual de uma menina,
primeiro narcotizada e depois abusada. Na Capela Paulina, por sua vez, foi
celebrado o ritual principal incruento, concluído pela leitura de uma espécie
de "consagração" do Vaticano a Satanás.
Até
aqui, poder-se-ia dizer que tudo isso são invenções, fantasias, criações
horripilantes de um sacerdote apreciador de narrativas exageradas. Entretanto,
dever-se-ia perguntar por que Bento XVI, em Junho passado, tornou a consagrar a
Capela Paulina, e porque quis restaurá-la, eliminando o altar antigo e fazendo
construir um outro completamente novo. E poder-se-ia também perguntar por que o
Padre Amorth, ainda recentemente, tenha reafirmado que no Vaticano há
satanistas. Esta história também poderia explicar muito bem a famosa
"fumaça de Satanás" da qual falou Paulo VI, provavelmente quando veio
a saber, anos depois, daquele acontecimento.
De
todo modo, eu faria questão de acrescentar que Padre Martin foi dos poucos que
tiveram o privilégio de conhecer o Terceiro Segredo de Fátima, precisamente por
meio de um daqueles que o leram em 1959, o Cardeal Bea, do qual ele era
secretário. E ainda Malacchi Martin, mais adiante, em seu romance Windspwept House,
contava, certamente, na ficção do romance, quanto se segue:
"De repente, se tornou
indiscutível que, agora, durante este papado, a organização da Igreja Católica
Romana trazia dentro de si uma permanente presença de clérigos que cultuavam
Satanás e o apreciavam; Bispos e Padres que se sodomizavam mutuamente e
sodomizavam meninos; freiras que praticavam os 'rituais negros' da wicca, e que
viviam em relações lésbicas... [dentro e fora dos seus conventos. Subitamente, ficou
claro que durante esse pontificado, a estrutura da Igreja Católica Romana
tornara-se um lugar no qual] todo dia, inclusive aos domingos e dias santos,
atos de heresia e blasfêmia [ de ultraje e de indiferença] eram cometidos e
permitidos nos Altares sagrados por homens que haviam sido chamados pare serem
padres. Atos e ritos sacrílegos não só eram praticados diante dos sagrados
altares, mas tinham a conivência, ou pelo menos a tácita permissão de alguns
Cardeais, Arcebispos e Bispos...[De repente causou escândalo porque ficou
conhecida a lista de Prelados e sacerdotes envolvidos nisso.] O seu número no
total era minoritário - algo como de um a dez por cento dos eclesiásticos. Mas,
dessa minoria, surpreendentemente muitos ocupavam altas posições ou níveis [ de
grande autoridade na chancelarias, seminários e universidades]... Os fatos que
conduziam o Papa a um novo nível de sofrimento eram principalmente dois: os
sistemáticos laços organizativos – noutras palavras, a rede - que fora
estabelecida entre certos grupos de clérigos homossexuais e covens satanistas.
E a desordenada potência e influência dessa rede." (pp.492-493. Os textos entre colchetes foram slatdos
pelo autor do artigo e colocados pelo tradutor do artigo ao português).
Sabemos
todos que freqüentemente se escolhe a via narrativa para contar fatos que seria
melhor não revelar e para os quais dificilmente se conseguiria obter crédito.
Entretanto, alguém me deve explicar como foi possível que Padre Malachi Martin
tivesse diante de si um claríssimo quadro da situação da Igreja Católica e de
uma parte da sua hierarquia, numa época na qual não se clamava ainda contra o
escândalo pedófilo, quando ninguém falava dele, e quando ninguém tomava
providências contra ele. Mas, sobretudo, por que Padre Malachi Martin ligava a
Satanás e a seu culto o desvio moral de uma parte da Igreja?
Muito
provavelmente Malachi Martin teria compartilhado as palavras do Santo Padre com
relação à verdadeira natureza do Terceiro Segredo: "hoje nós o vemos de
modo realmente aterrorizante e que a maior perseguição à Igreja não vem dos
inimigos externos, mas nasce do pecado na Igreja. E que a Igreja tem pois
profunda necessidade de reaprender o que é a penitência, aceitar a purificação,
aprender o perdão, mas também a necessidade da justiça." Se bem que sejam
muitas as resistências que o Santo Padre sofreu e muitas as cumplicidades de
silêncio ( as “omertà”) também do mundo da informação que parece preferir - e
talvez por cumplicidade - a vulgata [ a interpetração simplista] do Cardeal Bertone
à evidência quer dos fatos, quer também das palavras do Papa, creio que seja já
dificilmente discutível que o Terceiro Segredo fale exatamente dessa conexão
entre Satanismo e uma parte minoritária do clero católico dedicado a atos
abomináveis. Quem sabia disso, como o Padre Malachi Martin, procurou toda a sua
vida lançar sinais, indicar o elemento perturbante e horripilante do qual nasce
a perseguição da Igreja. Ele permaneceu não acreditado e morreu em 1999, antes
que explodisse nos Estados Unidos o escândalo pedófilo em todo o seu horror.
Padre Malachi Martin celebrou durante toda a sua vida a Missa segundo o rito
antigo. Hoje não podemos não considerá-lo uma espécie de profeta, um escritor e
um sacerdote, um exorcista enfim, que há muito tempo proclamava a necessidade
de uma purificação da Igreja sem demonizar o Vaticano II e sem exaltá-lo, a fim
de transformar a Igreja Católica numa sucursal do Protestantismo.
O
equilíbrio e a longa previdência do Padre Malachi Martin residiam talvez na sua
capacidade de observar e contar fatos. E esses fatos, hoje, nos reconduzem à
pergunta ainda sem resposta: por que não foi revelado completamente o Terceiro
Segredo de Fátima?
Para citar este texto: Francesco Colafemmina- "Padre Malachi Martin e o Terceiro
Segredo de Fátima"
MONTFORT
Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=veritas&subsecao=papa&artigo=malachi-fatima-segredo〈
http://missatridentinaemportugal.blogspot.pt/2010/06/padre-malachi-martin-e-o-terceiro.html
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