terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O milagre da multiplicação de relíquias

Tentando atrair fiéis e peregrinos, as igrejas medievais disputaram cada objeto ou parte do corpo de Jesus que pudesse ser conservado...ou falsificado.

Durante a Alta Idade Média, os cristãos começaram a cultuar homens e mulheres que haviam realizado grandes sacrifícios em nome da fé e assim conquistaram a salvação, muitas vezes por meio do martírio. Tais realizações faziam com que seus semelhantes os considerassem seres especiais, santos, cujas ações passaram a ser vistas como um código de conduta a ser seguido pela comunidade de fiéis. Assim nasceu o culto aos santos e mártires.

Para os cristãos da época, porém, não bastava venerar de maneira abstrata tais figuras. Partes dos corpos dos santos ou objetos usados por estes em vida, as relíquias, se tornaram importantes objetos de culto. Logo, esse culto se voltou para o mais importante de todos os cristãos, o próprio Jesus Cristo. Foi assim que as relíquias de Cristo se tornaram as mais numerosas da cristandade e passaram a mobilizar o maior número de fiéis. Qualquer objeto ou parte do corpo do Senhor começou a ser disputado entre as diversas comunidades cristãs medievais.

A cobiça pelas relíquias de Cristo se explica. Durante a Idade Média, quando foram construídas as principais catedrais católicas do mundo, a edificação dos templos era financiada por donativos da comunidade, e a capacidade da igreja de atraírem fiéis e peregrinos estava diretamente relacionada à quantidade e qualidade de relíquias expostas para veneração. Nesse contexto, os espólios de Jesus eram os mais capazes de angariar generosas doações para igrejas e mosteiros.

Coincidência ou não, na época os objetos com os quais Jesus teve contato direto chegavam à casa das centenas, quando não dos milhares. O berço sagrado se tornou propriedade da igreja de Santa Maria Maior, em Roma. O feno que teria sido usado para cobrir o berço, por sua vez, foi reivindicado pelos fiéis da região da Lorena, na França. Enquanto isso, as ânforas utilizadas nas bodas de Cana espalharam-se pelas igrejas européias. No total, 13 exemplares eram apresentados como autênticos, ainda que a Bíblia só fale de seis.

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