terça-feira, 1 de maio de 2012

DIÁLOGO DE ZACARIAS SOBRE ADÃO E EVA


                - Sim, meu amigo querido, tratamos as mulheres com desprezo por causa de um maldito pecado original que as tradições religiosas dizem termos cometido por causa delas, nos tempos do velho Adão. Mas como lhes deixaro peso de terem fracassado nas tentações do fruto proibido nas belezas do jardim do Éden, sem assumirmos nossa culpa nisso também? Porque Eva é culpada por um escorregão e os homens se dão o direito de seguirem escorregando por todos os séculos que vieram depois e nunca se julgam culpados? Quantas quedas os homens cometeram, a quantas tentações se entregaram desde então, quantas mulheres alheias seduziram, quantos filhos engendraram nos ventres inexperientes, envolvidos por suas teias de promessas e benesses jamais cumpridas? Por que a pobre da Eva deve merecer o ódio  ancestral sem que os homens se dignem conduzir-se por caminhos retos? Será que a Eva era o mal exclusivo e o homem o ingênuo companheiro, bonzinho, generoso e enganado cruelmente? Ou será que trazia também o ponto fraco das fragilidades morais que o fizeram aceitar o convite da mulher iludida pelas promessas as serpente? Se fosse melhor do que ela, ter-lhe-ia esclarecido o equivoco e impedido que ela caísse no mal. Se o homem fosse melhor do que a companheira no paraíso, ao invés de ter-lhe seguido os passos claudicantes e aceitado a proposição, trataria de tirar-lhe da ideia o sentido da traição e a educaria para transformá-la para melhor. Todavia, não foi isso o que ele fez. Não se sabe se, encantado pela proibição do fruto ou pelas curvas sedutoras de Eva, o certo é que Adão se demonstrou tão despreparado e censurável quanto a mulher. E o que é mais grave e ninguém fala é o seguinte: Eva foi seduzida pela serpente, que na traição religiosa seria a corporificação do mal, astuto, experiente nos processos de aliciamento, perigoso inimigo que sabe como conquistar a confiança dos que o escutam. Eva, por mais experiente que fosse, estava diante de um oponente  de peso e com conhecimento de sua tarefa de criar ilusões.”

            “Todavia, Adão não passara por este teste difícil. Adão foi envolvido pelas argumentações de Eva, a ingênua criatura que compartilhava com ele das alegrias do paraíso. Assim, podemos perguntar a nós mesmos quem é mais culpado pelo erro: a criança que cai nas tentações e armadilhas que a astúcia produziu em seu caminho como ocorreu com Eva, ou o adulto que se tem em conta de sábio, experiente, sério (como pensamos nós mesmos, herdeiros de Adão), mas que acaba convencido pela palavra de uma criança e vai com ela em vez de retirá-la do erro?” – (pág. 52 do livro “O AMOR JAMAIS TE ESQUECE” pelo espírito Lucius)

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