“
- Sim, meu amigo querido,
tratamos as mulheres com desprezo por causa de um maldito pecado original que
as tradições religiosas dizem termos cometido por causa delas, nos tempos do
velho Adão. Mas como lhes deixaro peso de terem fracassado nas tentações do
fruto proibido nas belezas do jardim do Éden, sem assumirmos nossa culpa nisso
também? Porque Eva é culpada por um escorregão e os homens se dão o direito de
seguirem escorregando por todos os séculos que vieram depois e nunca se julgam
culpados? Quantas quedas os homens cometeram, a quantas tentações se entregaram
desde então, quantas mulheres alheias seduziram, quantos filhos engendraram nos
ventres inexperientes, envolvidos por suas teias de promessas e benesses jamais
cumpridas? Por que a pobre da Eva deve merecer o ódio ancestral sem que os homens se dignem
conduzir-se por caminhos retos? Será que a Eva era o mal exclusivo e o homem o
ingênuo companheiro, bonzinho, generoso e enganado cruelmente? Ou será que
trazia também o ponto fraco das fragilidades morais que o fizeram aceitar o
convite da mulher iludida pelas promessas as serpente? Se fosse melhor do que
ela, ter-lhe-ia esclarecido o equivoco e impedido que ela caísse no mal. Se o
homem fosse melhor do que a companheira no paraíso, ao invés de ter-lhe seguido
os passos claudicantes e aceitado a proposição, trataria de tirar-lhe da ideia
o sentido da traição e a educaria para transformá-la para melhor. Todavia, não
foi isso o que ele fez. Não se sabe se, encantado pela proibição do fruto ou pelas
curvas sedutoras de Eva, o certo é que Adão se demonstrou tão despreparado e
censurável quanto a mulher. E o que é mais grave e ninguém fala é o seguinte:
Eva foi seduzida pela serpente, que na traição religiosa seria a corporificação
do mal, astuto, experiente nos processos de aliciamento, perigoso inimigo que
sabe como conquistar a confiança dos que o escutam. Eva, por mais experiente
que fosse, estava diante de um oponente
de peso e com conhecimento de sua tarefa de criar ilusões.”
“Todavia,
Adão não passara por este teste difícil. Adão foi envolvido pelas argumentações
de Eva, a ingênua criatura que compartilhava com ele das alegrias do paraíso.
Assim, podemos perguntar a nós mesmos quem é mais culpado pelo erro: a criança
que cai nas tentações e armadilhas que a astúcia produziu em seu caminho como
ocorreu com Eva, ou o adulto que se tem em conta de sábio, experiente, sério
(como pensamos nós mesmos, herdeiros de Adão), mas que acaba convencido pela
palavra de uma criança e vai com ela em vez de retirá-la do erro?” – (pág. 52 do livro “O AMOR JAMAIS TE ESQUECE” pelo espírito
Lucius)
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