domingo, 24 de novembro de 2013

O PORQUÊ DESSA URGÊNCIA DE PREGAR O EVANGELHO DE JESUS CRISTO?

Frei Silvestre, portador de alta dignidade, estava guardando uma pergunta, para que todos ouvissem com atenção, e assim se expressou com alegria:

- Pai Francisco!... Se for oportuno, eu queria compreender melhor o Porquê dessa urgência de pregar o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, se a igreja Católica já o faz há mais de mil anos.

Francisco, agraciado pela paz de coração e rejubilando-se de contentamento, principalmente pela pergunta articulada, falou sem rodeios:

- Devo, nesta hora, dizer a todos os companheiros de trabalho, a nossa diante da Igreja, onde o nome de Pedro, o Apóstolo, figura como o primeiro Apóstolo da cristandade.

Primeiramente, queremos que todos compreendam e saibam do nosso respeito por essa Igreja de Deus, que se fez presente no mundo pelos seus representantes. Essa Igreja lutou com todas as suas forças, no sentido de manter o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo aceso em todas as suas virtudes. Depois de determinado tempo, ela se aliou, como é do conhecimento de todos os irmãos, ao Estado para aliviar as perseguições contra os cristãos, de maneira tal que o Evangelho pudesse avançar mais livre da ignorância humana, envolvendo o espírito na letra, que silencia certas verdades. Até aí concordamos, devido à situação espiritual da humanidade de não estar preparada para tal vivência em espírito e verdade. No entanto, o deslize avançou além das linhas em que deveria parar e descuidaram em demasia da essência, de sorte a procederem de forma pior do que os políticos e os guerreiros. E o contrassenso maior foi e é matar em nome de Deus e de Jesus Cristo.

Eles, os dirigentes da Igreja Católica Apostólica Romana, perderam as condições espirituais de pregar o Evangelho. Muitos deles já nasceram condicionados pelas novas escolas de sacerdotes, imbuídas do crime, do orgulho e do egoísmo, do fausto e do mando, da prepotência e da vingança. E agora, como voltar atrás e reconduzir a religião às bases verdadeiras? O tesouro maior do mundo escapou das suas mãos, pelas interpretações de falsos teólogos, eivados que estavam e estão da influência do ouro e do bem-estar material. Se não fosse isso, não precisariam do nosso trabalho. Nós iríamos, de corpo e alma, engrossar as fileiras do clero organizado.

Estamos aqui, como nos recomenda o Senhor, que sempre ouvimos, para levantarmos a Sua Igreja e reconstruí-la nos alicerces primitivos de Amor e de Caridade. Não se pode dizer que todos da Igreja erraram, pois generalizar qualquer assunto é demonstração de cegueira espiritual. Existem muitos sacerdotes que lutaram e lutam, dando a própria vida em favor da pureza dos conceitos do Cristo, e isso é louvável nos dias que correm.

Mas, os dirigentes, na maior parte estão influenciados pela dissonância doutrinária. Esqueceram o Amor e, se porventura falam nele, não o vivem. Esqueceram a Caridade, e se por vezes falam nela, se esquecem das obras. Esqueceram o Perdão e se lembram dele algumas vezes, nunca perdoam. Falam muito de Paz, entretanto não dão um passo em favor dela...

Somos ovelhas no meio de lobos, pelas ideias que estamos cultivando, a qualquer hora seremos atacados, porque a nossa prática vai prejudicar a vida deles incompatível com a vida de Jesus Cristo. A urgência que temos de pregar o Evangelho é neste sentido: relembrar o Evangelho primitivo, de que, graças a Deus não uma letra, mas o sentido, com o qual poderemos, com a graça de Deus, recompor usando mais da própria prática, para depois falar daquilo que foi vivido.

Reiteramos aqui o nosso agradecimento a essa Igreja que caindo, por ter conduzido o nome de Jesus na viagem dos séculos, e onde o reencontramos na vida de alguns corações que amam. Agradecemos, ainda, pela aquiescência de Sua Santidade em abrir os caminhos e aceitar as regras propostas por nós junto à sua compreensão.

Não devemos esperar nesta jornada, algo de bom para o nosso próprio proveito, porque a humanidade já está habituada aos maus costumes, e o nosso trabalho é de sacrifício, de disciplina e de Amor, na sua mais alta pureza, concernentes aos bons sentimentos. Não devemos julgar qualquer pessoa nem as intimações, que já se fizeram presentes no mundo, mas, temos um dever, pela voz que nos chama a trabalhar. E se acreditamos nela, vamos sem esperar. Vamos servir!

Do livro: FRANCISCO DE ASSIS - JOÃO NUNES MAIA (MIRAMEZ)

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

TÓPICOS DAS REGRAS FRANCISCANAS ENVIADAS AO PAPA INOCÊNCIO III

Francisco, não podendo falar com o Papa Inocêncio III, enviou-lhe alguns tópicos das regras, nas quais iria basear a vida de todos os franciscanos, e inspirava-se nas passagens do Evangelho, para maior segurança do que estava falando ao Homem de Deus e seus cardeais:

Rogamos a Deus e a Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoe pelas mãos de Vossa Santidade. Seríamos muito felizes se Deus nos permitisse o diálogo com Vossa Santidade.

Nossa pobre consciência pede e o nosso coração anseia por tal momento; se a nossa condição espiritual não o permite, curvamo-nos diante da vossa vontade, com a humildade que a nossa fraca condição pode expressar. Não seria justo insistir mais do que já o fizemos, e não pretendemos desgastar a vossa iluminada mente com coisas que, porventura, achais desnecessárias. Compete-nos ir embora, confiantes em Deus e pedindo a Jesus que nos guie por caminhos convenientes, favorecendo-nos com as sementes do Bem, onde elas possam frutificar.

Sabemos que o tempo de Vossa Santidade é precioso, na vigilância da Igreja que Nosso Senhor Jesus Cristo dirige por vossas mãos. Não podemos mais teimar; no entanto, queremos que a vossa iluminada percepção observe que pretendemos basear os princípios da nossa comunidade onde o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo possa evidenciar-se, como um tesouro dos Céus entregue às criaturas da Terra, como herança na para a paz de todos os povos.

Respeitamos muito a nossa Igreja pelo que ela é e pelo que tem feito em favor da coletividade; todavia, existem no seio da nossa amada religião desvios que o coração em Cristo não pode suportar. O ouro acumulado gera guerras e as guerras pedem mais ouro.

Das guerras e do ouro, gera-se um filho destruidor dos povos, que se chama egoísmo; deste, nascem a prepotência e a perseguição. E onde fica o Cristo, nesse ente de revolta? E quem tem coragem de pregar o Evangelho nessa atmosfera de contradições?

Com toda humildade, pediria a Vossa Santidade e aos eminentes cardeais que vos assistem, que atentásseis para o que quero expressar nesta carta, e que me perdoeis se eu estiver errado ou falando o que não devo.

Não sou eu, que nada tenho para ensinar, principalmente à Vossa Santidade, quem escreve os ensinamentos que se seguem. São extraídos do Evangelho e servem de base para as nossas regras, que pretendemos seguir letra por letra:

Nem jamais comemos pão de graça, à custa de outrem, pelo contrário e labor da fadiga, de noite e dia, trabalhávamos a fim de não ser pesado nenhum de vós. (II Tes, 3:8).

E continua o Apóstolo:

Não porque não tivéssemos esse direito, mas por termos em vista oferecer-exemplos em nós mesmos, para nos imitardes. (II Tes, 3:9).

Porque, quando ainda convosco, vos ordenamos isto: Se alguém não quer trabalhar, também, não coma. (II Tes, 3:10)

E Mateus nos ajuda no ponto primordial da questão, assim afirmando capítulo dez, versículos nove e dez:

Não vos proveis de ouro, nem de prata, nem de cobre nos vossos cintos. Nem de alforjes para o caminho, nem de duas túnicas, nem de sandálias, nem de bordão, porque digno é o trabalhador de seu alimento.

E ainda mais assevera o Mestre, anotado por Marcos, capítulo no versículo trinta e cinco:

E ele, assentando-se, chamou os doze e lhes disse: Se alguém quer ser o primeiro, seja o último e servo de todos.

Estas bases estão fundamentadas no sacrifício de nós mesmos em favor do Evangelho, na renúncia, na humildade sem ostentação, no perdão incondicional, no desprendimento sem vaidade, e no amor que nunca deverá exigir.

Pedimos perdão se, por negligência nossa, ofendemos a Vossa Santidade e que desculpeis a nossa pretensão de sermos atendidos. Que Deus e Cristo nos abençoe a todos e que Maria Santíssima cubra a Igreja com o seu manto de luz. Amém.

O Papa Inocêncio III estava em reunião com os cardeais que formavam a corte Apostólica Romana. Em seus dedos brilhavam anéis caríssimos que, junto com suas riquíssimas vestes, formavam verdadeiro contraste com as dos frades humildes que procuravam o alto clero católico, para um diálogo livre e sem premeditadas interpretações. Francisco iria conversar com o máximo dirigente da Igreja, entregando-se completamente à intuição divina. A carta chegou à Table Sagrada e foi levada à mesa de conferências, e lida na reunião por ordem do próprio papa.

O cardeal que a leu era João de São Paulo, homem de reconhecidas cristão que já tinha sentido o Cristo interno falar-lhe ao coração. Quando começou a leitura, os seus sentidos deram sinais de que concordava com aquele nem que escrevera, e a vontade de conhecê-lo subiu-lhe à mente e pensou:

"Esse homem é destemido e deve estar envolvido por sentimentos altamente superiores, pelo modo como fala neste pergaminho".

Os outros cardeais enfureceram-se com a petulância de Francisco. O próprio papa ficou calado, somente ouvindo as conjecturas dos seus assistentes. Um deles, por sinal o mais ignorante, deu a entender que o dono daquela missiva deveria parar nos tribunais pela sua audácia e atrevimento, podendo igualmente ser enquadrado como herege. E falou:

- O Santo Ofício foi feito para quê?

O Cardeal João defendeu as ideias de Francisco, mesmo sem conhecê-lo, com toda segurança, baseando-se no Evangelho do Divino Mestre, sem temer o ambiente em que se encontrava:

- Peço licença a Vossa Santidade, para dizer o que sinto há muito tempo, já que não devemos ter segredos uns com os outros, nesta casa de Deus. Também penso como esse homem que não conheço. Sinto que a Igreja Católica Apostólica Romana está tomando rumos que não os indicados por Nosso Senhor Jesus Cristo. Tudo que Ele ensinou e exemplificou na Sua divina missão, nós estamos fazendo ao contrário. Se pregamos, fazemo-lo somente para os outros, pois nós mesmos agimos diferente do que falamos. Penso ser isto hipocrisia da nossa parte. Quero que me respondais, por favor:

Se fosse Jesus quem estivesse à frente dos destinos da Igreja neste momento, Ele iria apoiar as Cruzadas? Ele iria abrir tribunais para sacrificar os hereges? Ele iria matar para defender algum Santo Sepulcro, como por exemplo, o de Moisés? Ele iria entesourar bens materiais como aconteceu conosco? Ele iria fazer construções suntuosas, como as que erguemos em todo o mundo? Ele iria dominar consciências como estamos fazendo, pressionando-as para nos seguir? E faria outras tantas coisas que não preciso mencionar, porque das citadas podereis deduzir as outras, com mais capacidade que eu, pois sois homens inteligentes, capazes de compreender o certo e o errado?

Rogo a Vossa Santidade que me perdoeis, se falei alguma coisa contrária as regras da Igreja, mas sinto vontade de falar a verdade, para que esta não me estrague as horas de repouso, através da minha consciência.

Acho que esse homem deve ser ouvido, e se Vossa Santidade o permitisse desejaria estar ao vosso lado, no dia em que se der esse encontro.

Quase todos se colocaram contra a opinião do Cardeal João e contra a ideia da entrevista de Inocêncio III com Francisco de Assis. A decisão final foi do próprio papa, que também a achou inconveniente, por ter outros trabalhos de maior interesse da Igreja. Um dos mais radicais redigiu uma resposta a Francisco informando a decisão de Sua Santidade, já que o Cardeal João de São Paulo' recusou-se a fazê-lo.

Francisco de Assis, que mandara buscar a resposta, a leu pausadamente sem mudar de feição, sem dar demonstração de constrangimento. Reuniu seus discípulos e passou a carta do papa para todos entenderem o que fazer: ir embora e trabalhar do modo que a inspiração dos Céus achasse conveniente. E partiram na manhã seguinte.


Do livro: FRANCISCO DE ASSIS - JOÃO NUNES MAIA (MIRAMEZ)

terça-feira, 5 de novembro de 2013

MENSAGEM DE JESUS PARA FRANCISCO DE ASSIS

Francisco!... Temer é cortar a comunicação com quem quer te ajudar. Duvidar é fazer crescer dentro de si os obstáculos. Sentir-se ofendido pela incompreensão dos outros, é sinal que não aprendeste a perdoar. Julgar os erros dos outros somente por julgar, é atestado de que o amor não se fez presente no teu coração. Eu sou aquele que haveria de voltar!... E volto quantas vezes forem necessárias, aos corações dos homens de boa vontade, desde quando abram as portas para que eu possa me fazer presente e dizer novamente: a Paz seja convosco!... Sê dócil, meu filho, aos teus irmãos!... Ajuda-os sem os violentar, e compreende, sem exagero, que o trabalho é demorado. Quantos milênios gastaste para principiar a sentir o bem, alimento do espírito? A ignorância pressionada torna-se prepotência desenfreada, e a falta maior será de quem se fez mestre, sem tolerância para ensinar. Eu ainda continuo crucificado no mundo. Tira-me da cruz! O prazer dos homens é ver-me sofrendo; já é tempo de mudança, e o começo é teu. Faze-te instrumento dessa paz, no seio dos homens!

JESUS DE NAZARETH

Do livro: FRANCISCO DE ASSIS - JOÃO NUNES MAIA (MIRAMEZ)
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