Frei Silvestre, portador de alta dignidade, estava guardando uma
pergunta, para que todos ouvissem com atenção, e assim se expressou com
alegria:
- Pai Francisco!... Se for oportuno, eu
queria compreender melhor o Porquê dessa urgência de pregar o Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo, se a igreja Católica já o faz há mais de mil anos.
Francisco, agraciado pela paz de coração e rejubilando-se de
contentamento, principalmente pela pergunta articulada, falou sem rodeios:
- Devo, nesta hora, dizer a todos os companheiros de trabalho, a
nossa diante da Igreja, onde o nome de Pedro, o Apóstolo, figura como o
primeiro Apóstolo da cristandade.
Primeiramente, queremos que todos compreendam e saibam do nosso
respeito por essa Igreja de Deus, que se fez presente no mundo pelos seus
representantes. Essa Igreja lutou com todas as suas forças, no sentido de
manter o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo aceso em todas as suas
virtudes. Depois de determinado tempo, ela se aliou, como é do conhecimento de
todos os irmãos, ao Estado para aliviar as perseguições contra os cristãos, de
maneira tal que o Evangelho pudesse avançar mais livre da ignorância humana,
envolvendo o espírito na letra, que silencia certas verdades. Até aí concordamos,
devido à situação espiritual da humanidade de não estar preparada para tal vivência
em espírito e verdade. No entanto, o deslize avançou além das linhas em que deveria
parar e descuidaram em demasia da essência, de sorte a procederem de forma pior
do que os políticos e os guerreiros. E o contrassenso maior foi e é matar
em nome de Deus e de Jesus Cristo.
Eles, os dirigentes
da Igreja Católica Apostólica Romana, perderam as condições espirituais de
pregar o Evangelho. Muitos deles já nasceram condicionados pelas novas escolas
de sacerdotes, imbuídas do crime, do orgulho e do egoísmo, do fausto e do mando,
da prepotência e da vingança. E agora, como voltar atrás e reconduzir a
religião às bases verdadeiras? O tesouro maior do mundo escapou das suas mãos,
pelas interpretações de falsos teólogos, eivados que estavam e estão da
influência do ouro e do bem-estar material. Se não fosse isso, não precisariam
do nosso trabalho. Nós iríamos, de corpo e alma, engrossar as fileiras do clero
organizado.
Estamos aqui, como nos recomenda o Senhor, que sempre ouvimos,
para levantarmos a Sua Igreja e reconstruí-la nos alicerces primitivos de Amor
e de Caridade. Não se pode dizer que
todos da Igreja erraram, pois generalizar qualquer assunto é demonstração de cegueira
espiritual. Existem muitos sacerdotes que lutaram e lutam, dando a própria vida
em favor da pureza dos conceitos do Cristo, e isso é louvável nos dias que
correm.
Mas, os dirigentes,
na maior parte estão influenciados pela dissonância doutrinária. Esqueceram o
Amor e, se porventura falam nele, não o vivem. Esqueceram a Caridade, e se por
vezes falam nela, se esquecem das obras. Esqueceram o Perdão e se lembram dele
algumas vezes, nunca perdoam. Falam muito de Paz, entretanto não dão um passo
em favor dela...
Somos ovelhas no
meio de lobos, pelas ideias que estamos cultivando, a qualquer hora seremos
atacados, porque a nossa prática vai prejudicar a vida deles incompatível com a
vida de Jesus Cristo. A urgência que temos de pregar o Evangelho é neste
sentido: relembrar o Evangelho primitivo, de que, graças a Deus não uma letra,
mas o sentido, com o qual poderemos, com a graça de Deus, recompor usando mais
da própria prática, para depois falar daquilo que foi vivido.
Reiteramos aqui o nosso agradecimento a essa Igreja que caindo,
por ter conduzido o nome de Jesus na viagem dos séculos, e onde o reencontramos
na vida de alguns corações que amam. Agradecemos, ainda, pela aquiescência de
Sua Santidade em abrir os caminhos e aceitar as regras propostas por nós junto
à sua compreensão.
Não devemos esperar nesta
jornada, algo de bom para o nosso próprio proveito, porque a humanidade já está
habituada aos maus costumes, e o nosso trabalho é de sacrifício, de disciplina
e de Amor, na sua mais alta pureza, concernentes aos bons sentimentos. Não devemos julgar qualquer pessoa nem as
intimações, que já se fizeram presentes no mundo, mas, temos um dever, pela voz
que nos chama a trabalhar. E se acreditamos nela, vamos sem esperar. Vamos
servir!
Do livro:
FRANCISCO DE ASSIS - JOÃO NUNES MAIA (MIRAMEZ)
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