Se Deus é perfeito e
ama a todos, por que criaria as pestes e a fome, as guerras e doenças, os
terremotos, tornados, furacões e todos os desastres naturais, as grandes
desilusões pessoais e calamidades mundiais?
Eu não demonstro a
Minha bondade criando apenas o que chamam de perfeição ao seu redor.
Como já expliquei: não se pode demonstrar
amor enquanto não se demonstra o não-amor. Uma coisa não pode existir sem o seu
oposto, exceto na esfera do absoluto.
Portanto, não condene
tudo que chamaria de ruim no mundo. Em vez disso, pergunte-se o que considerou
ruim e o que deseja fazer para mudá-lo.
Cada alma é um
Mestre, embora algumas almas não se lembrem de suas origens ou heranças.
Então não julgue o caminho cármico trilhado
por outra pessoa. Não sinta inveja do sucesso e nem pena do fracasso, porque
não sabe o que é sucesso ou fracasso na avaliação da alma. Não diga que algo é
uma calamidade ou um evento feliz até decidir, ou testemunhar, qual é seu
objetivo.
Pois a morte é uma
calamidade se salvar as vidas de milhares de pessoas? E a vida é um evento
feliz se só causar sofrimento? Contudo, não deve julgar nem mesmo isso. Guarde
sempre para si mesmo as suas opiniões, e deixe os outros fazerem o mesmo.
Isso não significa
ignorar um pedido de ajuda, ou a ânsia de sua própria alma de trabalhar visando
a mudança de alguma situação ou condição. Significa evitar rótulos e
julgamentos enquanto faz o que quer que seja. Porque todas as situações são uma
dádiva, e cada experiência é um tesouro oculto.
Certa vez, existiu
uma alma que sabia que era a luz. Sendo uma alma nova, ansiava por experiência.
"Eu sou a luz", dizia repetidamente. Mas todo o seu conhecimento e
todas as suas palavras não podiam substituir a experiência de ser a luz. E na
esfera onde essa alma surgiu, só havia luz. Todas as almas eram sublimes e magnificentes,
e irradiavam o brilho da Minha grande luz. E por isso a pequena alma em questão
era como uma vela sob o sol.
No meio da luz maior
- da qual era parte - não podia ver a si mesma, experimentar-se como Quem Realmente
Era.
Acontece que aquela
alma desejava muito conhecer a si mesma. Tão profundo era esse seu desejo que
um dia Eu lhe disse:
- Você sabe Pequena
Alma, o que deve fazer para satisfazer o seu desejo?
- Ah, o que, Deus? O
quê? Eu farei qualquer coisa - disse ela.
- Deve separar-se do
restante de nós - disse Eu – e então evocar a escuridão.
- O que é a
escuridão, ó Santíssimo? - perguntou a pequena alma.
- O que você não é.
E a alma compreendeu.
Afastou-se do todo, chegando a ir até outra esfera. Nela, teve o poder de
experimentar todos os tipos de escuridão. E o fez.
Contudo, no meio
daquelas trevas, gritou:
- Pai, Pai, por que me
abandonastes?
Vocês têm feito isso
em seus momentos mais difíceis. Entretanto, eu nunca os abandonei. Estou sempre
ao seu lado pronto para lembrar-lhes Quem Realmente São; para chamá-los de
volta ao lar.
Por isso, sejam uma
luz na escuridão, e não a amaldiçoem. E não se esqueçam de Quem São no momento
em que forem rodeados pelo que não são.
Vocês vieram a este
mundo sem nada a aprender - só têm de demonstrar o que já sabem.
Não, nem todas as
coisas que lhes acontecem e que chamam de ruins são escolha de vocês. Contudo,
não há vítimas e nem algozes no mundo.
Um mestre pode acabar
com a dor mais intensa. Desse modo, o Mestre cura. O sofrimento resulta de um
julgamento que você fez sobre uma coisa. Elimine o julgamento e o sofrimento
desaparecerá.
Não há "deveria"
ou "não deveria" no mundo de Deus. Faça o que quiser, o que o
reflete, o que o representa como uma versão mais grandiosa do seu Eu. Se quiser
se sentir mal, sinta-se.
Mas não julgue ou condene. Você não sabe por
que e com que objetivo um evento ocorre.
E lembre-se disto: o que você condena o condenará,
e o que você julga um dia virá a julgá-lo.
Em vez disso, procure
mudar o acontecimento – ou apoiar outras pessoas que os estão mudando – que não
mais refletem o seu sentido mais elevado de Quem Você É.
Entretanto, bendiga
tudo - porque tudo é criação de Deus, através da vida, que é a Sua mais
importante criação.
Há aqueles que dizem
que Eu lhes dei o livre arbítrio, mas essas mesmas pessoas também dizem que se
vocês não me obedecerem, Eu os mandarei para o inferno.
Que tipo de
livre-arbítrio é esse? Isso não é duvidar de Deus - e de qualquer tipo de
relacionamento verdadeiro entre nós?
É a experiência do
pior resultado possível de suas escolhas, decisões e criações. É a consequência
natural de qualquer pensamento que negue a Mim, ou Quem Vocês São em relação a
Mim.
Mas o inferno não
existe como esse lugar que vocês fantasiaram, onde queimam em um fogo eterno,
ou existem em um estado de tormento eterno. O que Eu ganharia com isso?
Mesmo se Eu tivesse o pensamento extraordinariamente
Não Divino de que vocês não "mereciam" o céu, por que precisaria
procurar algum tipo de vingança ou punição por seu fracasso? Não poderia
simplesmente dar fim a vocês? Que parte vingativa de Mim exigiria que Eu os
condenasse a um sofrimento eterno indescritível?
Eu digo que não há
uma experiência após a morte como a que vocês imaginaram em suas teologias baseadas
no medo. No entanto, há uma experiência da alma tão infeliz, tão incompleta,
tão menos do que o todo, tão separada da maior alegria de Deus, que para essa
alma isso seria o inferno. Mas Eu não os mando para lá, e tampouco imponho-lhes
essa experiência. Vocês mesmos a criam, sempre que separam o seu Eu do seu próprio
pensamento mais elevado em relação a vocês; sempre que o negam e rejeitam Quem
e O Que Realmente São. Contudo, nem mesmo essa experiência é eterna. Não pode
ser, porque não é o Meu plano que vocês se separem de Mim por toda a
eternidade. De fato, isso é impossível porque nesse caso não só vocês teriam de
negar Quem São, como Eu também teria de negá-lo. Isso Eu nunca farei. E
enquanto um de nós se mantiver fiel à verdade em relação a vocês, ela
prevalecerá.
É do medo que você precisa para ser, fazer e
ter o que é intrinsecamente certo? Tem de se sentir ameaçado para "ser
bom"? E o que é "ser bom"? Quem tem a palavra final sobre isso?
Quem dá as diretrizes? Quem cria as regras?
Ninguém mais o
julgará, por que e como Deus poderia julgar a sua própria criação e
considerá-la ruim? Se Eu quisesse que vocês fossem perfeitos e fizessem tudo
certo, teria deixado que ficassem no estado de total perfeição de onde vieram.
Todo o objetivo do processo foi fazê-los descobrir a si mesmos, criar os seus
Eus, como realmente são e desejam ser.
Então Eu deveria puni-los por fazerem uma
escolha que coloquei à sua frente? Se Eu não quisesse que vocês fizessem a
segunda escolha, por que criaria outra além da primeira? Essa é uma pergunta
que devem fazer a si mesmos antes de Me atribuírem o papel de um Deus
condenador. A resposta direta para a sua pergunta é sim, você pode fazer o que
quiser sem medo de punição. Contudo, terá de arcar com as consequências. As
consequências são os resultados naturais, que não são o mesmo que punições. São
simplesmente isso, o que resulta da aplicação natural das leis naturais.
O que lhe parece
punição - ou o que chamaria de mal, ou má sorte - é apenas uma lei natural
fazendo-se valer.
Esse é o objetivo da
sua alma - realizar-se enquanto ainda está no corpo; tornar-se a encarnação de
tudo que realmente é.
Mas, pode escolher as
pessoas, os lugares e os eventos - as condições e circunstâncias, os desafios e
obstáculos, as oportunidades e opções - para criar a sua experiência.
Esse é o objetivo da
vida.
Por isso, bendiga todas as pessoas e
condições, e agradeça. Desse modo, afirmará que o que Deus criou é perfeito - e
mostrará a sua fé Nele. Porque nada acontece por acaso no mundo de Deus. Não
existe coincidência. O mundo não é devastado por acaso, ou devido ao que você
chama de destino.
Jesus não os curou porque achava que a sua condição
era imperfeita. Ele os curou porque viu aquelas almas pedindo a cura como parte
de seu processo. Viu a perfeição do processo. Reconheceu e compreendeu a
intenção da alma. Se Jesus tivesse achado que todas as doenças, mentais ou
físicas, representavam imperfeição, não teria simplesmente curado ao mesmo
tempo todas as pessoas no planeta? Duvida de que Ele poderia ter feito isso?
Ótimo. Então a mente
deseja saber: por que Ele não o fez? Por que Cristo decidiu que alguns deveriam
sofrer, e outros serem curados? Por que Deus permite o sofrimento? Esta
pergunta já foi feita antes, e a resposta é a mesma. Há perfeição no processo -
e toda a vida resulta da escolha. Não se deve interferir na escolha, ou questiona-la.
Muito menos se deve condená-la. Deve-se observá-la, e depois fazer o possível
para ajudar a alma a fazer uma escolha superior. Portanto, esteja atento
às escolhas das outras pessoas, mas não as julgue. Saiba que a sua escolha é
perfeita para elas neste momento – mas esteja pronto para ajudá-las se mais
tarde quiserem fazer uma escolha nova, diferente, uma escolha superior. Esteja
em comunhão com as outras almas, e seus objetivos e suas intenções se tornarão
claros para você. Foi isso que Jesus fez com aqueles que curou - e com todos as
vidas que tocou. Ele curou todas as pessoas que O procuraram, ou que enviaram
outras para implorar por elas. Jesus não curou a esmo. Isso seria infringir uma
Lei Sagrada do Universo: Deixe todas as almas seguirem o seu caminho.
Você vê, a resposta
está na própria pergunta. Se uma coisa é obviamente certa, faça-a. Mas
lembre-se de que é preciso muito rigor no julgamento, no que diz respeito ao
que chama de "certo" ou "errado". Uma coisa só é certa ou
errada porque você diz que é. Não é certa ou errada intrinsecamente.
O "certo"
ou "errado" não é uma condição intrínseca, é um julgamento subjetivo
em um sistema pessoal de valores. Através de seus julgamentos subjetivos você
cria o seu Eu – através de seus valores pessoais determina e demonstra Quem É.
O mundo existe exatamente como é para que você possa fazer esses julgamentos.
Se existisse em perfeitas condições, seu processo vital de criação do Eu
terminaria. A carreira de um advogado terminaria amanhã se não existissem mais
litígios. Ocorreria o mesmo com a carreira de um médico se não existissem mais
doenças. A carreira de um filósofo também terminaria se não existissem mais
dúvidas.
Todos nós pararíamos
de criar se não existisse mais nada para ser criado. Temos muito interesse em
continuar o jogo. Apesar do fato de que dizemos que gostaríamos de resolver
todos os problemas, não ousamos fazer isso, porque nesse caso não teríamos mais
o que fazer. Seu complexo militar-industrial entende isso muito bem. É por esse
motivo que se opõe terminantemente a qualquer tentativa de estabelecimento de
uma política contrária à guerra, em qualquer lugar. Suas instituições médicas
também entendem isso. É por esse motivo que se opõem firmemente – têm de fazê-la,
para a sua própria sobrevivência – a novas drogas ou curas maravilhosas, e
ainda mais à possibilidade de milagres.
Sua comunidade
religiosa também tem essa lucidez. É por esse motivo que sempre se opõe a qualquer
definição de Deus que não inclua medo, julgamento e punição, e a qualquer
definição do Eu que não inclua a sua própria ideia do único caminho para Deus.
Se eu lhe disser que você é Deus - para onde
vai a religião? Se eu lhe disser que está curado, para onde vão a ciência e a
medicina? Se eu lhe disser que deve viver em paz, para onde vão os
pacificadores? Se eu lhe disser que o mundo é fixo, para onde vai o mundo? E
quanto aos edificadores?
Eu quero o que vocês querem. Quando realmente
quiserem acabar com a fome, não haverá mais fome.
Eu estou mostrando em termos claros que o
mundo se encontra nas condições atuais porque vocês escolheram que fosse assim. Estão destruindo sistematicamente
o seu meio ambiente, e depois dizem que os desastres naturais são uma peça cruel
que Deus pregou, ou obra de uma Natureza cruel. Vocês é que pregaram a peça em
si mesmos, e que são cruéis.
Eu estou mostrando em
termos claros que o mundo se encontra nas condições atuais porque vocês escolheram
que fosse assim. Estão destruindo sistematicamente o seu meio ambiente, e
depois dizem que os desastres naturais são uma peça cruel que Deus pregou, ou
obra de uma Natureza cruel. Vocês é que pregaram a peça em si mesmos, e que são
cruéis.
Mas, se vocês não conseguem concordar com
algo tão basicamente simples como parar de se matarem, como podem implorar ao
céu com as mãos erguidas para que as suas vidas sejam colocadas em ordem?
Eu não farei nada por vocês que não farão por
si mesmos. Esta é a lei e é o que dizem os profetas. O mundo está nas condições atuais por causa de vocês, e das escolhas
que fizeram – ou deixaram de fazer. (Não decidir é decidir.).
A Terra está como
está por causa de vocês, e das escolhas que fizeram - ou deixaram de fazer. Suas
próprias vidas estão como estão por causa de vocês, e das escolhas que fizeram –
ou deixaram de fazer.
Todos vocês produziram as condições que criam
no ladrão o desejo ou a necessidade de roubar. Todos vocês criaram a
consciência que torna o estupro possível.
Alimentem os
famintos, deem dignidade aos pobres e oportunidades aos menos afortunados.
Ponham fim aos preconceitos que fazem as pessoas ficarem confusas e raivosas,
com poucas perspectivas de um futuro melhor. Deixem de lado os seus tabus absurdos
e as restrições que dizem respeito à energia sexual - em vez disso, ajudem as
outras pessoas a compreenderem o seu milagre, e a canalizá-la corretamente.
Façam essas coisas e terão dado um grande passo na direção do fim do roubo e do
estupro.
Os acidentes
acontecem porque acontecem.
Eu lhes digo: Não
existe coincidência, e nada acontece "por acaso". Vocês atraem para
si todos os eventos, para poderem criar e experimentar Quem Realmente São.
Todos os verdadeiros Mestres sabem disso. Este é o motivo pelo qual ficam
imperturbáveis diante das piores experiências da vida (como vocês as
definiriam).
Os grandes mestres de sua religião cristã
entendem isso. Sabem que Jesus não ficou perturbado com a crucificação, mas a
esperou.
Ele poderia tê-la
evitado, mas não a evitou. Poderia ter interrompido o processo em qualquer
ponto. Tinha tal poder. Porém, não fez isso. Permitiu-se ser crucificado para
ser a salvação eterna do homem. Vejam, disse Ele, o que posso fazer. Vejam o
que é verdade. E saibam que também farão essas coisas e muitas outras. Eu não disse
que são deuses? Mas vocês não acreditam. Se não puderem acreditar nisso,
acreditem em si mesmos e em Mim.
A compaixão de Jesus
era tanta que Ele implorou por um modo - e o criou - de causar tamanho impacto
no mundo que todos poderiam ir para o céu (realização pessoal) - se não de
outro modo, através Dele. Porque Ele venceu o sofrimento e a morte. E vocês
podem fazer o mesmo.
O maior ensinamento
de Cristo não foi que vocês terão vida eterna, mas que têm; não que terão fraternidade
em Deus, mas que têm; não que terão tudo que pedirem, mas que têm.
Eu disse para vocês
quais são todas elas, desde o início dos tempos. Repetidamente. Eu lhes enviei um
mestre após o outro. Vocês não ouvem os meus mestres. Vocês os matam.
Porque eles se opõem
a todos os seus pensamentos que negariam a Mim. E vocês negam a Mim quando
negam a si mesmos.
Jesus fez isso
regularmente. Entendeu como manipular energia e matéria, como rearranjá-las, redistribuí-las
e controlá-las totalmente. Muitos Mestres sabiam disso. Muitos sabem agora.
Você pode saber. Neste exato momento.
Esse é o conhecimento
do bem e do mal que Adão e Eva partilharam. Só pôde haver vida como vocês a
conhecem depois que eles compreenderam isso.
Adão e Eva - os nomes
míticos que vocês deram ao Primeiro Homem e à Primeira Mulher - foram o Pai e a
Mãe da experiência humana.
O que tem sido
descrito como a queda de Adão, na verdade foi o seu erguimento – o maior evento
isolado na história da humanidade. Porque sem ele, o mundo da relatividade
nunca existiria. O ato de Adão e Eva não foi o pecado original. Na verdade, foi
a primeira bênção. Vocês deveriam agradecer-lhes do fundo de seus corações -
porque sendo os primeiros a fazer a escolha" errada", produziram a possibilidade
de fazer qualquer escolha.
Em sua mitologia
vocês tornaram Eva a "má" – a tentadora que comeu o fruto do
conhecimento do bem e do mal - e induziu Adão a fazer o mesmo.
Essa mitologia lhes
permitiu tornar desde então a mulher a "ruína" do homem, o que
resultou em todos os tipos de deturpação da realidade – sem falar nas visões
distorcidas do sexo e nas confusões. (Como é possível sentir-se tão bem com algo
tão ruim?).
Em resumo, os Mestres
são aqueles que escolheram apenas o amor. Em todas as situações e em todos os
momentos. Mesmo quando estavam sendo mortos, amavam seus assassinos. Mesmo quando
estavam sendo perseguidos, amavam seus opressores.
Texto extraído do livro CONVERSANDO COM DEUS I - Neale Donald Walsch