723
- Por volta desse ano, com os sermões de Serantapico de Laodicéia, ganha espaço
entre os árabes uma doutrina que condena a adoração às imagens sagradas: em
breve, a iconoclastia irá se propagar até Constantinopla.
726
- O imperador Leão III se pronuncia contrariamente à adoração às imagens e
manda retirar a imagem de Cristo de cima da porta de bronze do palácio
imperial. A ordem dá ensejo a um protesto popular duramente reprimido. Em Roma,
o papa Gregório II condena o edito de Leão III e convida os fiéis da Igreja de
Roma a não segui-lo.
727
- Aproveitando as divergências que opõem Gregório III e o imperador Leão III, e
as rebeliões populares que eclodem em várias cidades bizantinas, o rei lombardo
Liutprando ocupa Sutri e Ravena, levando o exarco (o governador) Escolástico a
fugir. Sutri, depois, é cedida ao papa. Essa doação é por muitos considerada a
certidão de nascimento do Estado Pontifício. Em
Roma, exércitos fiéis a Bizâncio tentam matar Gregório II, mas são derrotados
pelo povo romano; o exarco Paulo tenta capturar o papa, mas sua tentativa fracassa
com a oposição das milícias romanas.
728
- O exarco Paulo se dirige a Roma, mas é derrotado e morto pelos
anti-iconoclastas. No mesmo ano, Roma se rebela contra o novo exarco Eutíquio,
nomeado pelo imperador Leão III, separando-se definitivamente de Bizâncio. Os
bizantinos, no entanto, conseguem reconquistar Ravena e tentam ocupar Bolonha,
mas são derrotados pelos lombardos. Liutprando, rei dos lombardos, por sua vez,
como defensor da fé ortodoxa e do papado, toma dos bizantinos a cidade de
Classe e vários territórios na Emília.
729
- Acordo entre o exarco Eutíquio e o rei lombardo Liutprando. Eutíquio ajuda
Liutprando a sujeitar os duques de Spoleto e Benevento, que, até então, gozavam
de uma quase completa autonomia, em troca de auxílio para reconquistar Roma. Os
dois exércitos, então, dirigiram-se a Roma, mas antes do ataque decisivo o papa
Gregório II conseguiu convencer Liutprando a desistir da empreitada.
730
- Após o fracasso das tentativas com o clero contrário à iconoclastia, o
imperador bizantino Leão III publica um edito em que ordena a destruição de
todas as imagens cultuadas, depondo o patriarca Germano, que se recusa a
aprová-lo. Para boicotar a igreja itálica anti-iconoclasta, ele submete a
Sicília e a Calábria à jurisdição do patriarcado de Constantinopla.
731
- O papa Gregório II se recusa a reconhecer Germano, o sucessor iconoclasta do
patriarca de Constantinopla, mas pouco tempo depois falece. Sucedido por
Gregório III, que de pronto condena a doutrina iconoclasta; mas os mensageiros
encarregados de levar a decisão a Constantinopla são presos pelo comandante
Sérgio na Sicília.
742
- O novo imperador Constantino V, em meio à campanha contra os árabes, é
atacado e derrotado por seu cunhado Artavasde, que se proclama imperador,
apresentando-se como o campeão da "adoração às imagens", e é coroado
em Constantinopla. Enquanto o culto às imagens é restaurado na cidade,
Constantino V foge e obtém o apoio incondicional de anatólicos e trácios.
743
- Constantino V retoma o poder pelas armas, manda cegar Artavasde e seus dois
filhos, e se vinga de seus seguidores.
753
- O rei dos lombardos, Astolfo, impõe um tributo pessoal aos romanos, a título
de protetorado. Sua recusa a suspender a aplicação do tributo leva o papa a
solicitar o auxílio de Constantinopla para defender Roma, mas o imperador
Constantino V se recusa a intervir. Com a ruptura da paz, os lombardos
dirigem-se a Roma vindos de várias direções, para bloquear todas as vias de
acesso à cidade. Diante do perigo lombardo, o papa envia um peregrino ao rei
dos francos, Pepino, pedindo sua ajuda. Mas o rei Pepino não intervém, o papa
deixa a Itália e, nos primeiros dias do ano seguinte, junta-se ao rei dos
francos em Vetry.
754
- No palácio imperial de Hieria, na costa adriática do Bósforo, reúne-se um
concilio de bispos favoráveis à iconoclastia ("sínodo acéfalo"), que
condena a adoração das imagens. Após a assembléia, em toda parte as imagens
sagradas são destruídas e substituídas por pinturas de temas profanos. Os
dissidentes são perseguidos sem trégua.
756
- Astolfo mais uma vez cerca Roma. O papa manda outros embaixadores a Pepino,
para pedir ajuda. Os francos descem até a península, derrotam o exército
lombardo e impõem a Astolfo um novo tratado. O rei lombardo entrega o papa a
Pentápolis e Comacchio e aceita pagar um tributo ao rei dos francos. Pepino dá
ao pontífice os territórios, que se tornam oficialmente "patrimônio de São
Pedro", recusando-se a aceitar o pedido dos embaixadores bizantinos que
requeriam a restituição do exarcado de Ravena.
760
- Trezentos navios bizantinos chegam à Sicília para atacar a Península Itálica,
enquanto a diplomacia de Constantinopla trabalha fervorosamente para isolar o
papa.
767
- Em Constantinopla, a oposição à iconoclastia se reúne em torno do abade
Estêvão de Auxentios, que, no entanto, é assassinado pelo povo, encorajado pelo
imperador.
768
- Sérgio, filho de Cristóvão, no comando dos lombardos, monta acampamento na
colina de Gianicolo. O papa Constantino é preso, e, para ocupar seu posto, é
eleito o padre Felipe. Mas Cristóvão intervém e faz o povo romano expulsar
Felipe, levando a uma nova eleição regular, na qual é escolhido Estêvão III. A
eleição é acompanhada por novas desordens e uma série de vinganças.
775
- O imperador oriental Constantino V morre durante uma expedição contra os
búlgaros. É sucedido pelo filho Leão IV, mais moderado e fortemente
influenciado pela mulher, Irene, adepta do culto às imagens.
780
- A morte prematura de Leão IV leva ao trono seu filho, Constantino VI, de
apenas 10 anos. A mãe, Irene assume a regência e se opõe vitoriosamente a uma
tentativa de usurpação por parte dos tios paternos de Constantino, obrigando-os
a se tornarem padres.
784
- Na igreja dos Santos Apóstolos em Constantinopla é aberto um concilio para
restaurar a adoração às imagens, mas a intervenção dos soldados da guarda, em
um primeiro momento, provoca a dispersão da assembléia. A imperatriz Irene
afasta as tropas iconoclastas da capital com o pretexto de uma campanha contra
os árabes e chama para Constantinopla tropas trácias, fiéis ao culto às
imagens.
786
- Inicia-se, na igreja dos Santos Apóstolos, em Constantinopla, um concilio
para retomar a adoração às imagens, mas a intervenção dos soldados da guarda,
em um primeiro momento, dissolve a assembléia. A imperatriz Irene então afasta
as tropas iconoclastas da capital, com o pretexto de uma campanha contra os
árabes, e convoca tropas trácias, fiéis ao culto às imagens, para ocupar
Constantinopla.
787
- Finalmente é realizado em Nicéia um concilio convocado pela imperatriz
bizantina Irene, que retoma definitivamente — não sem oposição — o culto às
imagens.
790
- Eclode, em Constantinopla, uma grande divergência entre o imperador
Constantino VI e sua mãe, Irene, que gera uma rebelião de iconoclastas contra a
imperatriz, que, no entanto, consegue sufocá-la. Irene, então, tenta legalizar
o próprio poder absoluto, apoiada pelas tropas da capital, mas a decisiva intervenção
do exército da Ásia Menor proclama Constantino IV o único monarca.
797
- O imperador bizantino Constantino VI, que nesse meio-tempo ganhou o apoio dos
ortodoxos e dos iconoclastas, morre após ter sido cegado por ordem de sua mãe,
Irene, que se torna a única governante do Império. Irene é a primeira
imperadora de Bizâncio e, para conservar a simpatia da população, concede
isenções fiscais, em especial aos mosteiros, levando o sistema financeiro do
Estado ao caos.
802
- Para resolver o problema da coroação do imperador Carlos por parte de
Bizâncio, são enviados a Constantinopla embaixadores do papa e do imperador do
Ocidente, com a missão de pedir a mão da imperadora do Oriente, Irene, de forma
a unificar os dois territórios. Contudo, pouco tempo depois da chegada dos
embaixadores, uma revolta palaciana depõe Irene, que é deportada para Prinkipos
e, posteriormente, para Lesbos, onde morre.
815
- Depois da Páscoa, tem inicio em Constantinopla um sínodo que anula o Segundo
Concilio de Nicéia e volta à iconoclastia, retomando as perseguições contra os
fiéis ao culto das imagens.
820
- O imperador de Bizâncio, Leão, o Armênio, é morto por seguidores de um antigo
companheiro seu de armas, Miguel, o Armoriano, que ascende ao trono sob o nome
de Miguel II. Durante seu reinado, as divergências religiosas têm um momento de
trégua, já que ele proíbe qualquer discussão a respeito do culto às imagens.
829
- Sobe ao trono de Bizâncio o filho de Miguel II, Teófilo, último expoente da
iconoclastia. Em seu reinado, a arte bizantina floresce notavelmente.
837
- João, o Gramático, tutor do imperador Teófilo e chefe dos iconoclastas,
torna-se patriarca de Constantinopla e dá início a uma severa perseguição aos
adoradores de imagens.
842
- Morre o imperador de Bizâncio, Teófilo, e a iconoclastia, já pouco popular,
rui definitivamente.
843 - O patriarca João, o Gramático, é deposto em
Constantinopla. Metódio é eleito para assumir seu lugar, e um sínodo realizado
em março proclama solenemente a restauração do culto às imagens.
Texto extraído do livro: O livro negro do
cristianismo - Dois mil anos de crimes em nome de Deus - Jacopo Fo, Sérgio
Tomat, Laura Malucelli