A luz de hoje não substitui a de ontem, e a luz de amanhã não substituirá a de hoje e nem a de ontem, a não ser o fato de que a elas há de se reunir, aumentando a sua luminosidade. As luzes do passado que, com aquelas do presente, formarão a base do futuro que, também, ao transformar-se em passado, será a nossa evolução.
Tudo isto é o segundo legado crístico: “Orai, vigiai e instruí-vos”, mas não é isto que as igrejas e estas religiões superadas ensinam, pois para elas é suficiente abraçar a fé em Jesus e sem saber bem o que isso significa. Estão paradas nos seus conceitos e teologias, nas antigas escrituras como a Bíblia, que hoje não pode ter validade, senão a puro título de consulta cultural, com todas as reservas do caso.
Até nisto a igreja católica substituiu os singelos ensinos de Jesus. Já o seu culto foi uma adaptação dos cultos idólatras dos celtas, gregos e romanos, misturados com as salomônicas ostentações. Onde a obra do Nazareno, que não admitia representações mundanas misturadas às coisas celestes, ficou quase anulada detrás das práticas formulistas das religiões imitadas.
Estas alianças foram, em seus tempos, uma forma de trégua nas lutas que sempre existiram entre a religião e o Estado. Pretendiam imperar pelo sangue e pelo fogo, e a doutrina que resistia com a passividade da humildade, da resignação, do perdão das ofensas, devolvendo o bem pelo mal recebido, foi um presente nas ideias religiosas dos pagãos que, sob um nome novo e com alterações quase que nulas de seus ritos, ganhavam tudo do Messias, na realização do catolicismo.
Neste, consagrou-se o sacerdote com o poder de perdoar todos os pecados, por grandes que fossem na aquisição das indulgências. E um poder maior e ainda que incompreensível, de converter o pão e o vinho na carne e no sangue daquele que se chamou o Cordeiro de Deus: sem deixar de ser pão e vinho, foram simplesmente cobertos pelo dogma.
Acredita-se, por acaso, que a ação física da Eucaristia e, por mais freqüente que esta fé acompanhe um elemento, também na sua moral, acredita-se que esta ação, ao lado do “perdão dos pecados”, tão facilmente obtido e sem a intervenção das vítimas, será de algum proveito para o espírito? É claro que não. Isto é pura dissimulação.
Tudo isto é igual às dissertações baseadas nas histórias epistolares das épocas que se passaram, realizadas na proporção de uma mentalidade e um entendimento limitado à cultura da época, que não tem validade se não se entende o significado metafísico, imutável base do contexto. Certo é que o perdão é subordinado ao sacrifício e ao mérito real, à evolução do verdadeiro crente de boa fé, porque ele sabe que paga o que deve em todos os sentidos.
O que se paga é redutível, mas pela conscientização e ajuda da misericórdia de Deus, na mediação dos Seus bons Espíritos e do Cristo. Porém nunca, e de maneira alguma por esses meios enganosos, poderá alguém alcançar a sua evolução. Por isto, muitos dos chamados hereges pela igreja católica, estão geralmente muito mais próximos dos ensinos evolutivos do que ela.
Jesus disse: “Só pelo amor será salvo o homem”. Claro que este é um termo de fundo cármico que, naqueles tempos, era impossível explicar melhor, mas o que há de amor na Eucaristia? Amor a Jesus? Este seria renovado a toda hora, renovando a Sua paixão dolorosa e convertendo só os seus despojos em alimentos? Isto é simplesmente sádico, no caso.
O que há de amor na necessidade de impor ao crente o recebimento do perdão de suas faltas, unicamente pela contribuição do “dízimo”, e da aquisição das “indulgências”, pela caridade e na mediação do sacerdote? Nada há, pois Jesus ensinou que todos são perfeitamente iguais perante o Pai e que: “Agradável era-Lhe ouvir as vozes de Suas criaturas elevando se em demanda de Sua paternal proteção”. Do mesmo modo, a oração chamada dominical jamais saiu dos lábios de Jesus, que muito orou, e muito ensinou a orar, mas eram Suas as orações de toda hora e de todo momento e de todos os dias.
Do livro: O EVANGÉLHO SEGUNDO A LITÁURICA
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