As culturas, como nos ensinam os pensadores, nascem e se desenvolvem por processos de assimilação seletiva da herança intelectual. Se os espíritas não compreenderem este contexto e não se prepararem para praticá-lo, serão responsabilizados perante seus retrocessos ao misticismo e ao obscurantismo que já os ameaça de perto. Já Kardec insistiu na necessidade de firmarem-se na razão para não recair nos delírios da imaginação, que levou os clérigos de todos os tempos a se julgarem os privilegiados de Deus.
A imaginação, como observa Descartes, leva-os a romper os limites da lógica, em que nada é mais apropriado que o segundo “legado” do Cristo: “Orai, vigiai e instruí-vos”. E ainda assim, depois de mais de um século, ainda há espíritas que leem o evangelho e a bíblia e se dão ao desfrute de citar máximas mediúnicas. A mediunidade, porém, não é evolução, não veem isso?
Já o próprio Kardec, para investigar o campo dos espíritos, esquivou-se do uso dos processos da vidência, do desdobramento, do desprendimento mediúnico, exclusivo dos seus colaboradores médiuns, preferindo confrontar e obter as informações também dos livros, mas havia poucos, e somente os clássicos no seu tempo e alegando que os que estão naquele mundo são dificultados a nos fornecer dado sobre eles considerou muitas obras. Na verdade, é muito mais fácil e confiável acreditar no espírito que no ser humano, mas qualquer informação teria que passar pelo crivo de outros espíritos encarnados, e não de forma que se excluíssem assim as simples opiniões, que muitas vezes, já são formadas antes do trabalho mediúnico.
Os espíritas estão num desses vórtices perigosos da história porque não pensam assim, em que os ameaçam os preconceitos católicos, os domínios federativos, e o despontar do misticismo formalista e mitológico criador de mitos sufocadores, para um retorno a séculos de adorações de espúrias fantasias.
Cuidado, tudo isto é por falta de conhecimentos reais, pois o kardecismo foi um tratamento leve proporcionado a uma humanidade doente de uma cegueira mais que milenar. Uma humanidade que não podia mudar tudo de uma vez, de um dia para o outro, pois isto a levaria à loucura, à raiva e a uma cegueira definitiva, á séculos de atraso que não interessavam a ninguém. As doutrinas, inclusive, não eram para ser eliminadas, mas preparadas para serem unificadas e renovadas como se renova o mundo, onde se deve aprender a vê-las na luz do fundamento que se eleva em cada um, e certamente não na visão das paixões ou do cego fanatismo.
Por isto, é preciso aprofundar os estudos através de análise de trabalhos suficientemente integrados na ciência e na metafísica, que tragam aberturas aos preconceitos, empenhados no desenvolvimento da doutrina em um nível Universal, Litáurico, e na precisa e preciosa colaboração da espiritualidade evoluída e esclarecida. Kardec já dizia que só com o esforço de cada um, como uma regra no conjunto deste contexto, poderá se impedir a ameaça desse novo naufrágio da razão no fanatismo e, conforme sabemos ainda, do africanismo, do misticismo formalista e mitológico dos criadores de mitos.
Este “traço” está firme e forte pelo seu nível e sua assistência na ciência da aura e a sua “licença” é expedida pela “predestinação anunciada há muito tempo”, pois o refinamento dos médiuns desta humanidade é muito superficial. Por baixo de uma fina camada de verniz, carregam-se os monstros que atuaram na inquisição, os que puseram as garras de fora nas perseguições nazistas, os que atuaram na primeira e segunda guerras mundiais, os dos campos de extermínio, do genocídio atômico de Nagasaki e Hiroshima, nas escaladas coreanas, laotianas, vietnamitas, nos extermínios do bolchevismo e na atual violência tecnológica.
Em breve: “Os que se proclamaram senhores do mundo, sem ver deste a fome, as misérias e os horrores que provocaram”. Estes que hoje, na mediunidade do carma, agem no espiritismo e não veem neste ainda a forma de resgatar-se, mas as formas de exercitar-se no poder implantado pelo fanatismo.
Do livro: O EVANGÉLHO SEGUNDO A LITÁURICA
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