Eles tinham encontrado casualmente um pagão irrefletido durante essa viagem aos lagos, e Ganid ficou surpreso de que Jesus não seguiu a sua prática usual de atrair o homem para uma conversa que naturalmente conduziria ao discorrer sobre as questões espirituais. Quando Ganid perguntou ao seu Mestre por que ele demonstrara tão pouco interesse nesse pagão, Jesus respondeu:
“Ganid, o homem não estava com fome da verdade. Ele não estava descontente consigo próprio. Ele não estava pronto para pedir ajuda, e os olhos da sua mente não estavam abertos para receber luz para a sua alma. Aquele homem não estava maduro para a colheita da salvação; deve ser-lhe dado mais tempo para que as provações e as dificuldades da vida preparem-no para receber a sabedoria e o conhecimento superior. Tu não podes revelar Deus àqueles que não O procuram; tu não podes conduzir almas relutantes às alegrias da salvação. É preciso que as experiências da vida proporcionem ao homem que ele tenha a fome da verdade.
Disse Gonod: “Eu gostaria realmente de saber o que tu pensas de Buda”. E Jesus respondeu:
“O vosso Buda foi muito melhor do que é o vosso budismo. Buda foi um grande homem e, mesmo um profeta, para o seu povo; mas ele foi um profeta órfão. Com isso eu quero dizer que ele perdeu de vista, muito cedo, o seu Pai espiritual, o Pai no céu. A experiência dele foi trágica. Ele tentou viver e ensinar como um mensageiro de Deus, mas sem Deus. Buda guiou a sua nave da salvação diretamente até o porto da salvação, até a entrada do ancoradouro da salvação, para os mortais e, por causa de planos errados de navegação, a boa nave ficou encalhada à deriva. E lá tem permanecido durante muitas gerações, imóvel e quase que desesperadamente encalhada. E, muitos entre os do vosso povo têm permanecido, assim, durante todos esses anos. Eles vivem a uma curta distância das águas seguras do repouso, mas recusam-se a entrar porque a nobre embarcação do bom Buda teve a má sorte de encalhar no fundo, do lado de fora do porto. E o povo budista nunca irá entrar nesse porto, a menos que abandone filosoficamente a embarcação do seu profeta e que se apodere do seu nobre espírito. Tivesse o vosso povo permanecido fiel ao espírito de Buda, e vós teríeis já há muito entrado no vosso porto de tranqüilidade espiritual, de descanso da alma e de segurança de salvação.
“Tu vês, Gonod, Buda conhecia Deus em espírito, mas claramente não teve êxito em descobri-lo na mente; os judeus descobriram Deus na mente mas não tiveram êxito em conhecê-lo em espírito. Hoje , os budistas debatem-se em uma filosofia sem Deus, enquanto o meu povo está deploravelmente escravizado ao medo de um Deus, sem uma filosofia salvadora de vida e de liberdade. Vós tendes uma filosofia sem um Deus; os judeus têm um Deus mas estão primariamente sem uma filosofia de vida ligada a esse Deus. Buda, por não ter tido êxito em uma visão de Deus, como espírito e como Pai, não teve êxito ao prover o seu ensinamento com a energia moral e com o poder espiritual impulsor que uma religião deve possuir se quiser mudar uma raça e elevar uma nação”.
E então exclamou Ganid: “Mestre, façamos tu e eu uma nova religião que seja boa o suficiente para a Índia e grande o bastante para Roma e, talvez possamos levá-la até os judeus em troca de Yavé”. E Jesus retorquiu: “Ganid, as religiões não são criadas assim. As religiões dos homens levam grandes períodos de tempo para crescer, enquanto as revelações de Deus reluzem sobre a Terra, nas vidas dos homens que revelam a Deus para os seus semelhantes”. Mas eles não compreenderam o significado dessas palavras proféticas.
Naquela noite depois que se recolheram, Ganid não podia dormir. Ele conversou durante um longo tempo com o seu pai e finalmente disse: “Sabes, pai, algumas vezes eu penso que Joshua é um profeta”. E o seu pai respondeu, sonolento: “Meu filho, há outros...”
Desde esse dia, pelo resto da sua vida natural, Ganid continuou a desenvolver uma religião dele próprio. (Texto extraído do "O LIVRO DE URÂNTIA", págs 1466 e 1467)
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