terça-feira, 12 de abril de 2011

A BÍBLIA

A própria “Palavra de Deus”, da Bíblia, ainda sofreu uma série de transformações posteriores, e deve-se considerar que os historiadores da época não tomaram conhecimento da passagem na Terra de Jesus e de Seu trabalho apostólico. Havia um cânone do velho testamento, estabelecido no século II d.C., pelo rabino Akiba Bem Joseph, que, na tradução inglesa de John Wycliffe, no século XIV, fez nascer o livro chamado Bíblia, que foi simultaneamente a versão grega dos setenta, do século III a C. , e a base das traduções latinas subseqüentes. Mas, a assim chamada “Vulgata”, versão filosófica latina de São Gerônimo do século IV “oracular”, nasceu de coisa em coisa juntadas aos tempos.

De início, para manter o seu domínio sobre os homens e estabelecer a autoridade humana, as autoridades eclesiásticas romanas deviam manter a ignorância sobre as filosofias e escrituras. A mesma Bíblia devia ser diferente. Devia exaltar Deus e os Patriarcas mas, também, um Deus forte, para opor ao próprio Jeová dos Hebreus e naturalmente antepor Jesus ao Buddha e aos poderosos deuses do Olimpo.

Trouxeram a “Divindade Arcaica Oriental”, misturada às fábulas com as antigas histórias de Moisés, Elias, Isaías, etc., em que se colocava Jesus não mais como Messias ou Cristo, mas o Jesus divindade no lugar de Jezeus Cristna, a segunda pessoa da trindade arcaica. Disso tudo devia nascer uma religião forte como queria o império romano. Vieram ainda a ser criados em seguida os mitos da Sagrada Família, e de todos os Santos, mas as verdades do verdadeiro cânone do novo testamento, e as sagradas escrituras, deviam ser suprimidas ou ocultadas, inclusive a obra de Sócrates e muito mais, esta obra de amor do Jesus verdadeiro.
Esta lógica foi adotada pelas forças clericais mancomunadas com a política romana, que precisava desta religião forte o bastante, para impor-se aos povos dominados por Roma. Para assegurar-se nos domínios conquistados, onde dominava as terras, mas não o espírito dos povos ocupados. Em troca, o cristianismo ganhava a universalidade, pois ia se tornar “A Religião Imperial Católica Apostólica Romana”, a toda poderosa, que era sustentada pela força da espada, nominalmente remissiva, pregando o perdão, mas que, na prática, derrotava os inimigos à força. O imperador romano Constantino foi o articulador desta combinação. Depois do período apostólico, o cristianismo era uma presença desorganizada em Roma. Havia confrontações com os pagãos e perseguições à causa dos cristãos.

Em 313, Constantino partilhava o governo com Licínio e, encontrando-se em Milão, discutiram a situação e decidiram que os cristãos deveriam ser livres para praticar a sua religião. Com este edito, eliminavam definitivamente as perseguições aos cristãos do império romano. Os perseguidos, para firmar a nova posição, transformaram-se em perseguidores dos pagãos e daí nasceram novas desordens, ao mesmo tempo em que a nova religião tornava-se uma nova moda.

Vários líderes cristãos adotaram o método religioso da reunião, igual à dos pagãos, e começaram a surgir igrejas, onde os devotos ricos iam e vinham entre os pobres, desfilando sedas e jóias, nos quais os bordados cristãos tinham substituído as figuras míticas pagãs. Mas também este cristianismo estava longe de ser uma força política segura. Havia o perigo da Pérsia sassânida que, antes uma nação fraca, tornava-se um estado em expansão feroz, que mais tarde conquistaria quase todo o oriente romano. Havia o perigo das heresias: os maniqueus, por exemplo, que com seus missionários e textos sagrados, estavam ganhando adeptos no Turquestão e na China.

Havia dissensão política nos recantos mais distantes do reino, onde havia administradores que estavam deixando de ser leais com Roma. Havia inflação alta, que Constantino piorou. Havia os Judeus com seus livros religiosos. E havia, ainda, os pagãos. Então, não era da tolerância pregada pelo cristão que Constantino precisava, mas de uma religião autoritária, rígida, sem evasivas, de longo alcance, com raízes profundas no passado e uma promessa inflexível no futuro, estabelecida mediante poderes, leis e costumes terrenos. Podia ser fundada uma ordem de fiscais que se espalhasse no reino...

Para isso, Constantino devia adaptar esta fé, impondo-lhe a sua estrutura hierárquica, seu regime monárquico imperial, sua política de conquistas de territórios e de acumulação de riquezas, e até mesmo, devia usar a sua língua, o latim, e sua capital, Roma, para serem o idioma e a sede da “Igreja Católica Apostólica Romana”, portadora da única religião que ele lhe devia providenciar pois, não era nada disso - mas, na sua influência, veio a ser.

Já em 313, a mãe de Constantino, Helena, ardilosamente, tinha começado a infiltrar-se entre os cristãos e numa sua peregrinação ao calvário, aos pés da colina, mexendo na terra com as mãos, fez o seu “milagre”, pois encontrava aí os três pregos que teriam sido da crucificação de Jesus.

Nos dias de hoje seria um milagre mesmo, porque nenhum prego resistiria tanto tempo à corrosão da terra e, também hoje, prova-se que tais formas de crucificações não eram usadas na época de Jesus, pois os pés eram pregados aos lados da barra e fixados com pregos nos calcanhares. Mas com uma mãe tão ardilosa, em maio de 325, em Nicéia, Constantino apresentou-se diante de uma corte de bispos nomeados por ele. Declarou-se bispo das coisas externas e declarou que na sua recente guerra (de traição) contra Licínio, havia realizado uma campanha contra o paganismo. Graças a estes feitos, daí em diante, devia ser visto como um líder, emissário da própria divindade, afinal era o Imperador.

Só quando morreu, em 337, foi batizado e foi enterrado na consideração de que ele se tornara o décimo terceiro apóstolo, e na iconografia eclesiástica foi representado recebendo a coroa das mãos de Deus. Constantino, como vimos, tinha necessidade de uma religião que atendesse o seu caso além de neutralizar a infiltração da lei do amor no estado que lhe enfraquecia o poder, e esta oportunidade a via no próprio cristianismo. Devia porém modificá-lo primeiro e, a tal propósito, decidiu brandir contra os pagãos, os próprios heróis deles, impondo aos cristãos novos valores.

Do livro: O EVANGÉLHO SEGUNDO A LITÁURICA

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