sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A JUSTIÇA

A natureza humana é viciosa porque o homem nasce da lubricidade dos seus sentimentos. Mas, passando pelas provas da carne, há de desligar-se desta sua natureza e ceder pela força que dobra a sua vontade e achando-se o sentimento humano subordinado ao medo e ao sentimento místico, o espírito adquire o desenvolvimento que o aproxima da essência, perto do puro.

Fazendo por merecer com elevado esforço e com o que há de terno no coração, o homem encontra nas Leis divinas, os caminhos aplainados e abertos para levá-lo ao apogeu da Ciência material ou espiritual. Porém jamais consegue isso numa só existência e jamais diga que é a Providência que o conduz, e não afirme também, que os seus passos são guiados por este ou aquele espírito.

Não, a justiça de Deus é mais elevada e todos os homens têm direito à Sua misericórdia, quando isto for motivado pelo esforço e pelo mérito de cada um na decisão certa.

A justiça de Deus existe para todos, e a “fatalidade” não é outra coisa que o merecido castigo. Esta fatalidade, porém, nos respeita quando nos encontramos sob a proteção de um Espírito de Deus, mas esta proteção se adquire por sincronismo e não por nada e nem sem sacrifícios, e os sacrifícios são expiações.

A virtude nos poderosos é pouco comum, a coragem e a abnegação nos escravos é pouco comum, o rigor do espírito nos deprimidos é pouco comum, a liberalidade nos ricos é pouco comum.

Por isto, a supremacia do mando, a servidão, a riqueza, a escravidão, são expiações estacionárias subordinadas às “fatalidades”. Entretanto, todos se livrariam da “fatalidade” mediante a virtude que nasce do esforço realizado para compreender as leis cósmicas, nas quais a evolução espiritual é consequência, pois aí é que o espírito ganha coragem e energias para a sua liberdade.

Todos, inclusive, só progredirão no caminho do próprio melhoramento, quando estiverem convencidos desta justiça de Deus. Esta justiça que, de igual forma, tudo protege e a todos carrega de igual fardo, pois ela nos promete a mesma recompensa e nos humilha do mesmo modo, nos ilumina com o mesmo facho e nos abandona com o mesmo rigor.

Peçamos sempre a proteção de Deus, porém não imaginemos que Ele venha a proteger uns mais que outros, sem o referente merecimento. Sim, é possível que no momento do nosso desespero, a clemência divina e Sua misericórdia nos concedam um alívio, esta é uma oportunidade, uma demonstração de magnanimidade e disponibilidade, mas a mão que dá é a mesma que tira, a qualquer momento, para depois fazer-se de surda.

Mas a vitória está aí, e coroa o espírito que sabe lutar contra as leis do atraso e da perdição, da conservação e dos gozos materiais.

As leis do desenvolvimento e as da desorganização são reconhecidas e invioláveis, daí é que a manutenção do equilíbrio universal se define claramente e por meio de um estado permanente das propriedades de cada elemento. Nisso se definem de forma clara e indubitável as harmonias de cada situação, e dos princípios do egoísmo, das causas mórbidas inerentes à matéria, da afinidade, dos caminhos abertos para conservar, preservar, reparar, curar e vencer a destruição, bem como a repulsa própria dos espíritos materialistas e oportunistas. (O EVANGELHO SEGUNDO A LITÁURICA)

Nenhum comentário:

Postar um comentário