No
mundo ocidental existem dois grandes contextos espirituais, o “Velho e Novo
Testamento”, ou antes, e depois de Jesus, já que Ele, como Messias, trouxe para
a humanidade a Reforma Crística. Então tudo aquilo que contempla a Reforma é
Cristianismo, e o resto é consulta informativa sobre o passado mítico. O
cristianismo de Jesus era reencarnacionista, onde vale a lei da causa/efeito,
por onde o perdão das ofensas, oferecer o outro lado da face não revidando as
ofensas, fazem parte do jugo leve, as orientações para evitar as consequências
reencarnatórias. O cristianismo que se conhece hoje, através das grandes
religiões, entretanto, não é reencarnacionista. O que aconteceu? Mudou a
natureza da gente? Ou são os homens que mudaram o cristianismo? No paganismo
romano, os imperadores eram considerados divindades e Constantino,
considerando-se tal, modificou o cristianismo. Mas ele não era Messias, este é
um fato.
O
primeiro caso registrado e oficialmente conhecido de condenação de um herege à
fogueira ocorreu em Orleans, em 1022. Naquela ocasião, a igreja condenou um
grupo de cônegos e nobres laicos. Estes acreditavam que uma instrução
verdadeira só podia vir pela luz do “Espírito Santo” e não pelas escrituras que
a igreja proporcionava na época. Este grupo também procurava leituras
independentes e isso era perigoso para a igreja. A igreja começou daí em diante
a condenar, com bastante entusiasmo, os movimentos chamados de heréticos que
contestavam a atividade deste clero, que muitos consideravam corrupto e abusivo
já naquela época. Nisso a igreja se baseava num seu edito antigo, pois até o
ano 325 praticamente não havia a chamada igreja como instituição, ainda havia
uma doutrina que se chamava cristianismo apostolar porque era uma obra
realizada pelos apóstolos de Jesus. E este cristianismo ainda era reencarnacionista,
pregando o Deus único, o Criador, diante da multiplicidade das divindades pagãs
do Império Romano.
Ainda
não havia outras divindades neste cristianismo que não fosse o Deus mosaico.
Mas em 325 d.C., o imperador Constantino tinha se autonomeado bispo das coisas
externas da nova igreja, pois já tentara fazer do cristianismo de Jesus, que se
difundia nos lares, uma congregação que reunisse novamente o povo em lugares
específicos para rezar e participar de funções, iguais às que o catolicismo
depois veio a considerar de pagãos, mas ela mesma se tornou igual e adversária
de todas as instituições organizadas, pois queria ter uma única casta
dirigente, na qual o povo podia vir a ser controlado pelo seu condicionamento.
Constantino não era bobo e, inclusive, em volta dele, em sua corte imperial,
havia, entre os seus partidários, políticos de vastos conhecimentos que o
ajudaram. E justamente numa certa oportunidade, naquela época, reuniu em sua
volta um grupo destes pagãos, para explicar-lhes “as verdades eternas do
Cristo”, pois daquela assembleia que ele próprio denominou como “Assembleia dos
Santos”, começou a nascer a teoria católica, contrária, mas parecida com os
ensinos do próprio Mestre do cristianismo. Lá o Jesus Messias, elevado a Cristo
através do batismo do João, o Batista, passou a ser elevado a Deus por
Constantino, ao mesmo tempo em que contra o Deus messiânico e mosaico, vinha a
ser entronizada uma trindade divina, e Jesus como o Salvador da Humanidade.
Esta
esquisitice não foi aceita passivamente pelos primitivos cristãos, mas é esta a
igreja que Constantino queria e precisava, para controlar os espíritos dos
povos dominados do vasto Império Romano. Mas não encontrava o apoio popular, ao
ponto que, em 382 D.C., era decretado que poderia ser condenada à morte,
qualquer pessoa que se manifestasse contrária às suas verdades. Daquele tempo
em diante, falar da verdadeira história de Jesus, do significado de seus
ensinos, da reforma que ele havia pregado, da prática do amor e tudo mais, tornava-se
“heresia”. Qualquer pessoa que se manifestasse assim contrária, podia ser
condenada à morte em uma fogueira, e isto ajudou na implantação desta igreja de
Constantino, pois Jesus pregava e praticava o amor, e para impor-se encontrou
as dificuldades que O levaram à cruz.
A igreja, entretanto tinha bem menos
dificuldades, pois pregava o amor sustentado à força, pois o seu amor sempre
foi nominal, sua cruz verdadeira aquela da espada, e a chama do seu amor sempre
foi bem quente como as fogueiras, onde queimavam os dissidentes que pensavam da
mesma forma que Jesus o Nazareno, o Cristo. E quantos, para defender estes
ideais, depois ainda foram queimados?
Do Livro: O EVANGELHO SEGUNDO A LITÁURICA
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