quarta-feira, 10 de julho de 2013

O VAZIO

Se examinarmos o contexto geral da personalidade, da humildade e tudo o que Jesus ensinou, e também tudo aquilo que Ele verdadeiramente foi e realizou, nós teremos a exata colocação de Seu caráter, de Sua inteligência e cultura espiritual, de Sua fisionomia, e exatamente o que Ele queria passar para a posteridade. Podemos representar isso partindo de um ponto num papel, e com um compasso realizamos um círculo de, digamos, dois centímetros de diâmetro, enchemos este de cor, e consideramos esta como a base crística.

A este ponto vamos pegar as inverdades, as fantasias, o fantástico ligado ao Seu nome, tudo aquilo que fez desta figura um mito, criado pelos especuladores, para servir os seus fins e seus fanatismos. Aí, partindo sempre do mesmo ponto central no papel, vamos formar outro círculo bem maior, digamos de cinco centímetros. O espaço que se formou entre os dois círculos é o vazio, que não dá suporte e não significa nada, somente inverdades e, claramente, tudo aquilo que se baseia nestas nada representa, por não ter nenhum tipo de fundamento.

É a João, o Apóstolo, a quem as novas gerações devem culpar, por ter espalhado as palavras e as bases do fanatismo, foi ele que rebaixou a missão de Jesus aos conceitos dos contemporâneos, e que a tornou impossível de reconhecer aos olhos da posteridade inteligente e isenta das inclinações fanáticas. A maneira de ser de João, entretanto, era como a generalidade dos homens simples, que desejam ver o maravilhoso, o absurdo, e são insaciáveis de graças e promessas, ao ponto de atribuírem-se exclusivamente o mérito das graças, das promessas espalhadas pela graça divina no fantástico encadeamento da Providência.

Concretizando: João foi de boa fé; eram os seus desejos, os seus sonhos delirantes de imaginação que o impeliram a dar vida às divagações de seu espírito, e amou Jesus por todas as razões que fizeram dele o mais terno e entusiasta dos Seus discípulos, porém deu início a uma onda sucessiva de fiéis que, seguindo os seus sonhos delirantes e interesseiros, deram vida a divagações de ainda maior alcance, deslocando um ensino baseado na metafísica e nos conhecimentos do mundo espiritual e do espírito, no vazio, de forma que, muita coisa apresentada como doutrina se baseia no nada e não tem nenhum tipo de fundamento.

As fantasias podem ser brilhantes, mas são opiniões que não podem prevalecer contra uma realidade cósmica. A realidade é uma, indivisível e incontestável. Tudo se encadeia no Universo, nas leis da perfeição, e os que tentam fragmentar esta realidade estão simplesmente presos aos seus sonhos irreais e nunca prevalecerão e aqueles, que levam estas fantasias nas ciências paranormais, são desejosos de ver se envolvidos em complicações espíritas.

Este é um fato significativo dos nossos dias, quando o espiritismo é praticado levianamente e em nível de curandeirismo, ligado ao fanatismo, sem bases espirituais, em muitos lugares, fato que muitos, se fossem verdadeiros conhecedores da matéria, não poderiam ignorar.

Todos os pobres desejavam tocar a Sua veste. Todos os derrelitos desejavam seguir aquele que dizia: “Felizes os que sofrem neste mundo, porque verão Deus...” Mas nenhum enfermo foi curado pela palavra, nem jamais a autoridade da Sua voz fez recuperar a vista aos cegos, ou ouvido aos surdos, nem a morte restituiu a sua presa, pois Ele disse: “As leis de Deus são imutáveis e eternas”. 

Do Livro: O EVANGELHO SEGUNDO A LITÁURICA

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