domingo, 23 de outubro de 2011

A Dupla Consciência, a Recordação do Passado e os Colpinos

COMUNICAÇÃO
DO APÓSTOLO MATEUS

A dupla consciência, a recordação do passado e os colpinos
É claro que não pode existir a recordação da sua atuação, desde o momento que o cérebro não recebeu impressão alguma a respeito dela, sendo sabido que a memória do homem é somente cerebral.
Bem se diria afirmando que o espírito atua com uma nova personalidade em cada encarnação, pois que o cérebro vai recolhendo paulatinamente todas as impressões que lhe chegam do exterior pelo contínuo e agitado movimento do meio que o cerca.
Para nós não existe a divisão do tempo que regula entre os homens, e somente nos guiamos pela sucessão dos fatos, no meio dos quais temos vivido e que de certo modo forma a parte de nossas atividades; por isso não calculamos as idades e é assim que, fazendo talvez uns trinta e tantos anos, segundo ouvi dizer entre vós, que deixei minha envoltura corporal, parece-me entretanto que ontem ainda vivia ainda com os homens, razão, precisamente, que induziu o Mestre a encarregar-me do tema proposto, porque deveria eu elucida-lo mais humanamente que os outros Apóstolos.
Disse já que na minha última encarnação fui Rafael Fernández, tendo-me ocupado não pouco, ainda quando universitário, de assuntos filosóficos e religiosos, em estreita relação com o cristianismo, fazendo assim justiça ao meu passado...
Paulo descobriu que, o que ele chama desdobramento voluntário, quer dizer, a faculdade de desdobrar-se quando se deseja, durante a vigília, é o que mais ajuda para a recordação do passado. Por isso ele formou escola em atual sentido, indicando os métodos para o caso. Este bom companheiro, apesar da recordação que guarda a respeito do passado, chegou a esquecer-se do seu mandato, de tal forma que, devido aos seus estudos e ao ambiente cientifico que o rodeava, chegou a olhar com desprezo o próprio Mestre, a ponto de apontá-lo como um vagabundo, por não ter lar nem meio de vida conhecidos. Era, dizia, um iluminado ignorante que arrastava massas mais ignorantes do que ele. Eu o digo, porque ele próprio o confessa. Verdade é, segundo afirma, que suas recordações a respeito do passado, recentemente começaram a manifestar-se e com nitidez aos trinta anos, aclarando-se e manifestando-se com muita facilidade depois, devido à sua mediunidade e à faculdade de desdobramento que conseguiu dominar quase por completo.
Três vezes, refere Paulo, em seus desdobramentos não pôde voltar a seu corpo e que, se não fosse pela intervenção dos bons espíritos que o introduziram em seu organismo, com a maior facilidade teria morrido.
Os espíritos aconselham que se avise os Protetores antes de entregar-se um encarnado a exercícios de desdobramento em estado de vigília.
Os espíritos protetores são os que antes se chamavam anjos guardiães, pois se consagram especialmente na custódia dos homens e eles são os que, durante o sono, ajudam os espíritos dos homens a separarem-se da sua envoltura corporal para que deixem por alguns momentos a materialidade da vida humana e gozem de certa liberdade espiritual, comunicando-se com os seres queridos que os procederam no Além e de quem recebem novo alento para as lutas da vida material assim como ensinamentos e conselhos. Certamente que, disto não se lembra o homem ao despertar, porque o cérebro não pode guardar impressões do que não passou por ele, porém sempre fica um reflexo disso, o estado de intuição ou disposição favorável para o que se há de fazer. Não se deve crer que durante estes desprendimentos o espírito do encarnado vá atuar realmente no plano espiritual, mas sim em um plano intermediário a que Paulo chama plano fantasmático ou simplesmente plano extracorporal.
Esses espíritos parasitas que vivem entre os homens e a expensas dos mais fracos são colpinos. Indubitavelmente tudo é um dano, tudo é mal que eles fazem, porém o que é preciso notar é a hipocrisia com que procuram justificar o dano que causam.
A indicada palavra vem de culpa, quer dizer, que o colpinado sofre consequência de uma culpa; eles são pois os juízes que avaliam a culpa e a castigam sempre em benefício próprio.
Pode doer ao colpinado um membro ou toda a extensão de um músculo, uma artéria ou um nervo, porém procurando, encontra-se o ponto bem circunscrito, muito mais dolorido. Comprime-se fortemente com um dedo esse ponto enquanto se detém a respiração o mais que se possa, e se repetir a operação várias vezes ao dia, com este processo quase sempre desaparece o mal. Deve-se recordar que, detendo a respiração, se desenvolve uma grande energia magnética.
Desenvolvei, pelo menos, vossas aptidões para o magnetismo curativo, com o qual não somente podeis fazer muito bem mas também chegareis ao mesmo tempo a desenvolver as vossas aptidões psíquicas, porém ao magnetizar, tende cuidado com quem o fazeis, porque se um mau magnetizador transmite um grave perigo, não é menos grave o que ameaça a um bom magnetizador quando pretende beneficiar um ser inferior. É o mesmo que com a caridade, que é preciso ver a quem e como se faz a caridade, para não sermos vítimas, como muitas vezes sucede, do bem que se fez.
Levantando e favorecendo, por exemplo, um malvado com aparência de bom, podemos armar um inimigo do bem, talvez encaminhar um déspota, em seus primeiros passos, para as alturas, para sermos depois suas primeiras vítimas.
Que Deus seja convosco.
MATEUS, Apóstolo.
Do livro: VIDA DE JESUS DITADA POR ELE MESMO – Páginas 500 a 508

Fala Maria, a mãe de Jesus

Fala Maria, a mãe de Jesus
A minha palavra não pode acrescentar a menor importância a esta obra, pois ninguém ignora que fui elemento completamente negativo para a missão de meu filho Jesus.
Eu pensava que meu filho estava louco e todos os da família acabaram por pensar do mesmo modo.
...porque na Natureza não se dão saltos, senão que tudo se encadeia logicamente; a luz que se fez assim, então, na minha alma, brilhou no fundo de minha consciência, servindo-me de guia em todas as minhas idas terrestres. O grandioso mito que se fez de Maria entre os Cristãos mais tarde, nada, absolutamente nada tem de real.
Fui sempre mulher, menos em uma ocasião, que me ensaiei no sexo masculino; foi a vez que mais comodamente passei, porém que me resultou de pouco progresso para o meu desenvolvimento espiritual. Eu sentia-me sempre inclinada a ser mulher e distingui-me quase sempre por minhas inclinações religiosas, sendo que também fui monja, chegando a ocupar uma invejável posição nesse meio, havendo eu cultivado um pouco minha inteligência , o quanto então era possível a uma mulher religiosa.
A tradição cristã, muito exagerada quanto ao valor dos homens, converteu os apóstolos, que eram sumamente humildes de posição e compreensão, em personagens de grande valia, isto é e foi a causa de muitos erros. Estes homens eram unicamente extraordinários por sua fé, sinceridade e vontade ardente assim como por seu grande amor ao Mestre, porém se houvessem tido suficiente adiantamento que lhes permitisse recordar o passado, durante suas encarnações, não teria faltado ao Cristianismo a unidade no esforço e na direção única, que só de Jesus podia vir. Pelo contrário, nem bem retornados à vida humana, esqueciam todas as suas promessas e toda a noção sobre o verdadeiro propósito e fins precisos de sua missão, vendo-se geralmente, devido a isto, lutar em campos opostos, como sucedeu durante a reforma, em que ambos os campos conduziam-se mal, e muito antes também com as heresias e os trabalhos de livre pensamento.
Encontrando-me, como disse, ao corrente de todos os esforços de Jesus para restabelecer a verdade e pureza de suas doutrinas, chegando a ser, muito cedo, eu mesma uma de suas colaboradoras, tive constantemente o pesar de ver desbaratados seus planos pela razão cruel do completo esquecimento de todo o propósito tomado na vida espiritual, pelos que voltavam à Terra onde seguiam geralmente rotas opostas às que haviam escolhido. Deste modo, melhor preparados, os Apóstolos sempre sob a direção do Mestre lograram promover, no século XIX, um grande renascimento religioso, principalmente em Norte América, na esperança de poder derivar dele um progresso suficiente da religião para voltar à pureza do primitivo cristianismo. Muito depressa, porém, se aperceberam que as preocupações de raça e de seita dominante naquele ambiente não se prestavam para levar a cabo tal propósito. Dirigiram então suas vistas para a América do Sul.
Todos os apóstolos, menos Pedro e João, tinham voltado à Terra. Os apóstolos não se reconheceram entre si, menos Paulo, que bastante titubeou no princípio de sua missão, chegando até a ridicularizar a Jesus, apesar de ser de temperamento muito religioso, Paulo os foi reconhecendo a todos mais tarde, devido ao grande desenvolvimento que em sua atual vida alcançou pela mediunidade, da qual precisamente se serviu Jesus para ditar a presente obra e com a qual se restabelece a primitiva pureza Cristã, livre de toda a fraude. Esta mesma exposição que faço demonstra que o verdadeiro desenvolvimento do cristianismo é devido o esforço dos apóstolos e seus discípulos sob a direção de Jesus sem nada de milagroso nem de sobrenatural...
Para abreviar, direi: que Pedro e João, do espaço, conseguiram estabelecer em meados do século XIX, um núcleo importante em Buenos Aires. Esse importante núcleo foi quase constantemente presidido por Santo Estêvão, eleito para o lugar por sua fé, constância e laboriosidade inquebrantável, apoiado por uma moralidade sem jaça, secundando-o muito de perto José de Arimatéia, que também nesta ocasião ajudou a Jesus com sua posição social distinta e opulenta, pois que, como já vos disse, nada se alcança por milagre, sendo que entre os homens e para todo o labor humano, necessários são meios humanos e ainda quando feito foi pelos esforços do Messias a aproximação do Céu à Terra, sempre que a esta se deve chegar, por meios terrestres o temos de fazer.
Santo Estevão também desfrutava de uma posição social distinta e pecuniariamente desafogada, assim como o evangelista São Mateus, porém, realmente opulento unicamente o era José de Arimatéia. São Mateus distinguiu-se principalmente por sua eloquência , com a qual chegou em diversas ocasiões a comover os mais elevados da Sociedade de Buenos Aires. Barnabé desempenhava as funções de tesoureiro e ao mesmo tempo de vigilância da associação; direi seu nome, como o mais modesto e menos conhecido que os dos anteriores; vou dá-lo para que possa servir de base para o conhecimento a que alguém possa chegar, do fato que nos ocupa: chamava-se José Rodriguez e era espanhol.
Paulo, muito jovem ainda e conduzido inconscientemente do espaço por Pedro e João, apresentou-se à Associação que, se bem que fundada em sua origem somente por doze membros, muito numerosa havia chegado a ser naquela ocasião, porém, cousa curiosa, repetiu-se a desconfiança e o temor que houve antes quando os apóstolos não quiseram recebe-lo, renovando três vezes, inutilmente, seu intento até que Barnabé, o mesmo que antes, o apresentou pessoalmente. Paulo depois levou Marcos, não o apóstolo, mas sim o discípulo de Pedro, o mesmo que com Barnabé o acompanhara em sua viagem a Roma aonde ia evangelizar o Ocidente em nome do Senhor.
O apóstolo Marcos permanecia então no espaço; digo espaço, porque se bem que tudo existe dentro do espaço, os homens fazem parte da Terra e não se encontram diretamente no espaço; refiro-me pois, ao dos espíritos. A Paulo, por sua mediunidade, nunca lhe faltaram sinais e até conversações do mundo dos espíritos... e por outra parte Pedro e João invisivelmente o velavam para evitar todas as comunicações até que seu tempo chegasse... Paulo pôde ser desenvolvido por eles com segurança, dando-lhe paulatinamente a recordação do passado para que pudesse ter melhor consciência da obra que lhe estava encomendada... Paulo foi amplamente autorizado a trabalhar fora da sede da Associação, assegurando-se-lhe toda a proteção espiritual possível.
As lutas e dissabores que teve que sofrer Paulo por sua obra são pouco menos que indescritíveis, salvando-o seu poder excepcional, a ajuda e perícia de seus protetores invisíveis que o rodeavam de dia e de noite, com uma dedicação e denodo incomparáveis.
... José, o que foi meu esposo, não permaneceu muito tempo no seio da tal agremiação, devido seu caráter um tanto duro e orgulhoso, ainda não modificado suficientemente desde aqueles tempos.
Tadeu que ainda está entre vós, no ano de 1905, recebeu da Itália, sua terra natal, a Vida de Jesus ditada por Ele mesmo, traduzida do francês para o seu idioma, e a “Sociedade Cientifica de Estudos Psíquicos”, fê-la traduzir para o castelhano...
Salomé fez parte do núcleo durante a maior parte de sua vida, prestando importantíssimos serviços com sua mediunidade.
E seu filho Tiago ajudou Paulo com muito interesse e carinho, com outros dois apóstolos que não vou nomear. Marta evangeliza na cidade de Córdoba, e Madalena trabalha também com afinco dentro e fora do núcleo, nesta capital. Eu também cooperei neste grande movimento, consagrando-lhe a maior parte de minha última existência e mantendo estreitas relações, desde Espanha, com o núcleo de Bueno Aires.
Os discípulos dos discípulos do Senhor, espalhados por todo o mundo, levam a boa nova por todos os âmbitos do Globo, fazendo estremecer os templos idólatras, desde os seus alicerces, para que se compreenda a ideia de Jesus, que se reconheça o universo inteiro como o templo digno do Altíssimo.
Louvores a Jesus a quem tudo isto é devido! Jesus é um irmão nosso, é um dos nossos, disposto sempre a aproximar-se de todo aquele que sinceramente o chame, mas por sua elevação e por alta missão, o chamamos: O Senhor, sem fanatismo, apenas como sinal de amor e gratidão pela obra do seu imenso amor.
Em seu nome despede-se de vós e vos abraça.
MARIA
Do livro: VIDA DE JESUS DITADA POR ELE MESMO – Páginas 493 a 500

Algumas palavras do apóstolo Barnabé

Algumas palavras do apóstolo Barnabé.
Inútil é dizer que meu espírito acha-se inteiramente suspenso pelas elevadas ideias, palpitantes nas palavras de João. É ele certamente, com Pedro, o apóstolo verdadeiro de Jesus, e recebendo a palavra de Paulo, se bem que ausente agora deste lugar, tenho prazer em dizer a verdade livremente, para tributar a João e a Pedro o elogio de sua grande elevação.
No que diz respeito às cousas entre Barnabé e Paulo, convém sua consideração pelo proveito apostólico que delas se alcançou e não pelo que o bondoso João veio atribuir às minhas virtudes.
Oportuno pareceu-me o usar do meu caráter de membro dos doze para dar-lhe uma satisfação pela indiferença e abandono em que tinha chegado a ficar pela oposição do espírito velho contra o pensamento mais liberal e progressista de Paulo.
Ele, porém, confiou-me que na solidão perseguia-o um espírito tão perverso e de tanto poder que o faria executar as cousas mais terríveis, se não o evitasse a constante proteção de Deus que jamais o abandonava.
...os apóstolos, porém, o acolheram friamente e somente Pedro e Tiago, o irmão do Senhor, dirigiram-lhe a palavra, Pedro humildemente, Tiago com autoridade. Cerca de quinze dias passou assim Paulo com os apóstolos, os quais, porém, faziam-lhe ver sempre sua superioridade por seus títulos de apóstolos de Jesus e por haverem escutado sua palavra. Tiago principalmente, que inimigo voluntário havia sido dos ensinamentos de Jesus antes de sua morte, inimigo involuntário se tornou dos mesmos depois de morto o Mestre, porquanto, desmentiu-os, substituindo-os pelas estreitezas do Judaísmo que era precisamente o que Jesus tinha vindo reformar. Os apóstolos o respeitaram então e acreditaram na unção do seu espírito, mas nada lhe ensinaram e pareciam antes fugir de suas perguntas. Assim, pois, o novo adepto tomou dos apóstolos, por ver, as formas de suas práticas, como o sopro a distância sobre a fronte, as imposições, as aplicações, os exorcismos, o azeite e a água influenciados pela imposição e pelo sopro, para cura dos enfermos, etc.; mas os apóstolos não lhes ensinaram. Se, pois, devia haver mais humildade em Paulo, menos ciumentos se deviam ter mostrado os apóstolos, influenciados por Tiago, exceto Pedro e eu.
Judas Iscariotes reuniu-se também, em uma nova vida, aos trabalhos do Senhor. Não o julgueis, pois, por um só detalhe de uma única vida, quando sabeis que nada significam cem vidas para a eterna vida do espírito.
Autorizado estou para dizer-vos que Jesus à frente se encontra do espiritismo, mas não encerra nele todo o progresso que infinito é como Deus mesmo.
Nem tudo me é permitido manifestar, mas posso dizer-vos que o intenso movimento espiritualista iniciado no século passado, principalmente sob a forma espiritista, foi provocado por Jesus, vindo ao mundo para isto a maior parte de seus apóstolos seguidos de muitos discípulos.
Olhai, portanto, para cima sempre, quer dizer, para fora do vosso planeta, não vos arrasteis como a serpente pelo solo. Estudai, trabalhai, lutai, porque sem isto não há progresso, mas fazei-o sempre com sinceridade e humildade e recordai-vos também nas vossas tribulações, que Deus ouve sempre com benevolência as orações de seus filhos, mas, antes sede misericordiosos com os vossos semelhantes para que Deus possa sê-lo convosco.
Sede, pois, humildes e confiados e crede em Jesus, que o mais elevado espírito é, aquele que a Humanidade conduz.
Estas palavras são de Paulo, de quem eu muito aprendi.
Ele, porém, não pode escrever, porque diz que com seu cérebro de homem melhor escreve porque sua independência do corpo que anima, é antes um defeito que uma virtude de sua encarnação, e que se poucos fazem caso de suas palavras de homem assim trazidas, menos atenderiam às de sua comunicação deficiente. Paulo! Paulo! Tão grande sempre como simples.
BARNABÉ, Apóstolo.
Do livro: VIDA DE JESUS DITADA POR ELE MESMO – Páginas 487 a 493

JOÃO O VELHO Apóstolo de Jesus Cristo

O que disser: não tenho pecado, a si mesmo enganaria e se eu vos disser que não tenho pecado, me torno mentiroso e não está em mim a palavra daquele que veio em nome do Pai para o conhecimento da verdade que do Pai é.
Já disse, portanto, sem culpa não devo dizer-me...
É preciso, porém, considerar a diferente natureza de todo homem, e é por isso que Judas, chamado o Iscariotes, débil de corpo, com timidez e retraimento em sua pessoa, deu-se em acreditar que não o tomavam em consideração e as aparentes preferências do Senhor por Pedro e por João abriram profunda ferida em seu coração. O espírito do mal trabalhava invisivelmente e faltou-lhe a confiança no Mestre, que o teria salvo; antes o entregou, porém não por dinheiro, que ninguém lhe ofereceu, mas sim por ideia de sua vingança.
Judas, caído no arrependimento assim que o mal praticou, internou-se no campo, vida levando de pena e de trabalho. Espírito de luz é hoje como os outros discípulos do Senhor.
João pôde bem desinteressar-se um pouco de si próprio para aproximar-se do irmão e libertá-lo das trevas de seu coração com palavras de amor, enquanto que somente de fantasias e do desejo de glória apostólica cheia tinha eu minh’alma.
Se eu vos disser, portanto, que não tenho pecado, torno-me mentiroso, porém o tal pecado em falar dos milagres que não existiram, eis que para bem vieram, como pelo próprio Jesus dito é.
Assim, portanto, verdade fala quem diz: João escreveu o Evangelho; e assim pois verdade também fala quem diz: João não escreveu o Evangelho. Quer isto dizer que o apostolado e o ensinamento são de João, mas a letra é e em parte não é. Depois da prisão que sofreu por ordem do Imperador Domiciano e do desterro em Éfeso com que o César o castigou, voltou outra vez a Éfeso quando da morte do mesmo Imperador e começou a preparar as cousas do Evangelho com diferente ideia da que no ano 70 de Jerusalém consigo resolveu. Não, em verdade, o espírito outra cousa fez senão engrandecer propôs-se a influência que pudesse ter sobre os gentios. Disse, pois, assim João: Aqui em Éfeso, em que a tanto a filosofia subiu, muito pouca cousa é a simples doutrina nazarena ensinada por Jesus aos também simples galileus, porém Jesus mais sábias doutrinas aqui houvera dado aos homens que aqui estão porque, sendo Jesus o maior, não há de haver doutrina mais elevada que a dele. E eis, portanto, que entreguei-me ao que nesse tempo chamado era a inspiração do Espírito Santo, e assim, não o Espírito Santo, mas o espírito de meu ofuscamento fez-me escrever e mudar as ungidas palavras do Messias nas frias palavras daquele que suas fantasias quer estabelecer com o raciocínio.
...e no princípio do Evangelho, principalmente, nada é de João.
Provas vos dá a melhor, disto, o capítulo I que nada tem de João.
Toda a verdade deve ser dita, somente o capítulo XXI, todo inteiro, completamente, é de João... Em Mateus pode-se dizer que a palavra e a doutrina do Salvador estão inteiramente. Em Marcos do mesmo modo estão, porém principalmente em Mateus. Do apóstolo Lucas não chegou a escrever-se o Evangelho. Outro Lucas, a quem Galiléia e Jerusalém não conheceram, na Ásia Menor, porém com empenho buscou as cousas pelos discípulos dos apóstolos ditas. Estava também em Damasco um discípulo direto do Senhor, chamado Ananias, que a Paulo para curar viera nos dias de sua consagração pelo espírito do Senhor, quando vinha Paulo de Jerusalém a caminho de Damasco. Ananias do mesmo modo consultado foi por Lucas, ou melhor, Lucano, para o Evangelho que empenho em escrever ele teve e Policarpo também, discípulo de João, perguntado foi e assim vistos foram de iguais documentos e, contudo escreveu Lucas um Evangelho bom, se bem que não procedesse de nenhum discípulo direto do Senhor. Os três outros, pode dizer-se, saíram: Mateus, no ano do Senhor 89; Marcos 91; e João em 96. Pode dizer-se, quer dizer: que por esses anos Mateus e Marcos ocuparam-se em escrever guiados por Pedro; Mateus juntou notícias e discursos do mestre em língua aramaica; Marcos dedicou-se principalmente em escrever sentenças e anedotas do Senhor e fê-lo em língua hebreia. Os discípulos destes, porém, logo que pouco depois estes apóstolos morreram, maiores cousas acrescentaram aos mesmos ensinamentos daqueles. Sucede, no entanto que tais terminados primeiro foram que o de João, o qual pouco depois se viu no ano 96 do Senhor. O de Lucas, porém, não é já do primeiro século, sim da metade do segundo, isto é, por cerca do ano 140 do Senhor.
Nenhum nome mais odiado é e mais temido que o de Jesus, pelos espíritos do mal e nenhuma pessoa foi, é e será mais tenazmente perseguida pelos homens inimigos de todo o bem que a personalidade do Mártir do Gólgota. Prova é isto que ninguém há maior que Jesus entre os homens.
O que chamado é “a visão de Pedro”, um sonho dele foi somente. A pesca milagrosa, abundância recolheu somente  seguindo conselho de um homem que viera falar a Pedro desde a costa, no qual mais tarde, com André, Tiago e João, acreditaram ter visto o próprio Mestre, que na ofuscação de seus espíritos, desconheceram.
No dizer do Senhor: “Eu milagres não fiz”, verdade diz...
Pouco, em dar remédios, era dado e mais, o que agora chamais magnetismo, usava, isto é, as mais das vezes o que chamado é por vós imposição e aplicação e sopro, ou mais do que isso ainda, o que chamado é mentalismo...
Sucedeu portanto que nos primeiros dias do mês de abril do ano 33, caminho tomaram da Galiléia a maior parte dos discípulos, quer dizer. Pedro, André, Tiago e João filhos de Zebedeu, Tomé, Tiago filho de Alfeu, Natanael, Filipe e os dois irmãos do Senhor, que andavam com eles, Tiago e o outro. Estes filhos eram de José, que em casamento tomou a Maria, e era ele viúvo e tinha filhos. De Maria não eram portanto estes, os quais, porém, em ajudar os apóstolos mais dados eram que os outros.
Das mulheres, porém, somente Maria, a mãe do Senhor, caminho tomou de Jerusalém com os dois filhos que estavam com os apóstolos e com João.
Assim, portanto, tão depressa no fim do ano 36 afastara-se Pilatos de Jerusalém a caminho de Roma, prenderam a Estêvão e deram-lhe morte por apedrejamento e entregaram-se também a grande perseguição aos cristãos, principalmente aos helenistas convertidos.
A caminho de Damasco, Saul, chamado depois Paulo, teve visão do Senhor, em forma de luz, que lhe disse: “Saul, por que me persegues?”
Nisto caiu por terra e, enfermo, levantaram-no levando-o à presença do discípulo de Jesus, Ananias, que o curou, pois que Jesus já no ano 29 a Damasco também fora e muitos discípulos fez.
Barnabé, no entanto, ouvindo as cousas a Paulo sucedidas, levou-o aos apóstolos e embora desconfiados a princípio paz tiveram e em amor entraram. Tais cousas, porém, ele por si mesmo melhor as disse. Assim, mais ou menos como quinze dias, passou em vida em comum com os apóstolos e com Tiago, o irmão do Senhor.
Não creio, porém, como Pedro diz, que por Paulo salvou-se o cristianismo, pois que o cristianismo no Evangelho estava, e este dos apóstolos galileus saiu.
Diz-me, porém Pedro agora, que do espírito do cristianismo que conheceis, quis ele dizer que Paulo foi o maior, pois que o espírito do cristianismo apostólico era mais judeu que cristão, pois que seguia as práticas todas do judaísmo, até o sábado e a circuncisão, as orações no templo de Salomão e as outras cousas.
Justo é o dito assim por Pedro, João reconheceu-o.
Paulo, porém, muito estimado por nós, entre vós está agora e muitos o têm reconhecido, mas ele, que o sabe, nega. Embora sendo homem, como espírito costuma manifestar-se longe de si, em certas ocasiões. Se assinou Paulo comunicação, não pode vir como homem e dizer: eu Paulo sou.
O trabalho de Jesus na vinha do Senhor, como nos outros tempo, continua, manifestando-se com maiores aclarações por intermédio de seus discípulos que, em turnos, cada um toma corpo para nascimento entre vós. Eles também, porém, esquecimento têm do passado, sendo que seu cérebro tão-somente a fotografia guarda das cousas pelos olhos vistas e pelos ouvidos escutadas, e isto é a memória do homem desde o nascimento. Muitos há, porém, entre vós que memória guardam das cousas de seus outros nascimentos. Vós também, no que é costume chamar fantasia, recordações tendes em verdade do passado, memória é, sem guia de consciência, portanto desordenada.
Não vos aflijam as penas da vida, pois que o vencer dificuldades com paciência, fé e vigor, do adiantamento do espírito vem em proveito.
Assim também devo dizer que nesse mesmo ano 44, antes do fim de fevereiro, veio Herodes Agripa para fazer cortar a cabeça de Tiago, irmão de João...
Sempre, portanto, que Pedro afastado se encontrasse de Jerusalém, Tiago, o irmão do Senhor, que a grande autoridade havia chegado, vinha ocupar o lugar primeiro entre os apóstolos.
Se Paulo, porém, grande foi, não em menor grandeza há de ter-se a Barnabé que o compreendeu no primeiro momento, quando, aproximando-se dos apóstolos de Jerusalém, estes o temeram e tão somente aquele o apresentou recomendando-o aos próprios anciões. Barnabé, porém, fez-se pequeno e humilde para o engrandecimento da obra do Senhor, aproximando-se a Paulo, que retirou-se para sua cidade de Tarso e o apóstolo, certamente para maior grandeza de seu apostolado, humilhou-se a Paulo não apóstolo e subordinado a ele colocou-se, alcançando assim conquista do espírito ressentido de Paulo, de quem a fé em seu apostolado estremecida quase pareceu.
JOÃO O VELHO
Apóstolo de Jesus Cristo.
Do livro: VIDA DE JESUS DITADA POR ELE MESMO – Páginas 467 a 487

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

PEDRO, Apóstolo de Jesus Cristo

Antes de tudo devo dizer que o nível que fazem ocupar aos apóstolos, com completa falta de lógica, é muito superior ao nosso valor real, pois nunca nos elevamos além da nossa condição de pobres pescadores, se bem que, em verdade, depois da morte do Mestre e uma vez desaparecido o terror que nos havia invadido, nossas forças e nossas aptidões foram multiplicadas a ponto de não parecer já os mesmos homens, porém sempre guardando as lógicas proporções, já que uma quantidade muito pequena pode ser centuplicada, sem chegar a ser muito grande.
Quanto a Jesus, que tantos esforços faz em sua história ditada por ele mesmo, para desvirtuar os fatos milagreiros que se lhe atribuem, mais que ninguém foi dotado dos dons medianímico. Disse já que era um ser superior, sob todas as formas, conhecedor profundo dos homens, com tal penetração neles, que seus pensamentos ficavam desnudos ante a ele, como escritos em um livro aberto. Não deveis, portanto duvidar, repito-vos, de que muito do acontecido com o Messias e depois do seu desaparecimento material não passa de fanáticos acréscimos.
Sua penetração fez-lhe compreender imediatamente o verdadeiro estado social e religioso dos hebreus que não podiam ser separados de seus velhos ritos e fórmulas, sendo indispensável, para obter alguma cousa, abordar as questões religiosas e tradicionais sem opor-se-lhes verdadeiramente, mas tirando partido de toda a passagem ambígua da Bíblia, de toda a aparente contradição e de tudo aquilo que tivesse um significado para o porvir, isto é, de cuja solução ou cumprimento parecesse dever-se esperar por outra época. Por isso, sem dúvida, tinha dito aquilo, de que ele não tinha vindo para derrogar a lei senão para confirmá-la. Se assim não houvesse procedido, as desconfianças teriam aumentado contra ele e mais difícil lhe teria resultado o prestigiar sua pessoa e seus ensinamentos, pois apesar disso e de sua habilidade em servir-se das sagradas Escrituras para inculcar as novas doutrinas, as quais, finalmente, encerravam um espírito por completo contraposto ao verdadeiro Judaísmo, somente transitoriamente logrou o favor das maiorias, equilibrando-se apenas, geralmente, o número dos que o seguiam com o dos que o combatiam. Estes, entretanto, reconhecendo sua superioridade, nunca o enfrentavam, senão que lhe moviam guerras nas sombras e quando se colocavam em sua presença se limitavam a dificultar-lhe sua exposição com interrupções ou procuravam atrapalhá-lo com sofismas e com perguntas capciosas. Porém o Senhor com sua admirável presença de espírito, encontrava sempre e imediatamente a resposta oportuna.
...certamente não ressuscitou ninguém, porque, a de Lázaro é uma fantasia, assim como outros casos, se foi certo o do falecimento, nada houve que se parecesse com ressureição...
O que, em compensação, não pode negar-se, é o extraordinariamente benéfico ambiente fluídico que dele se desprendia. Não é exagerado dizer que os desgraçados que a ele se aproximavam, somente por isso sentiam alívio e tranquilidade em seus espíritos. Igualmente a respeito das enfermidades, era de grande eficácia seu método mental de cura. Porém valia-se muito também do que os magnetizadores chamam imposições, sem desprezar tampouco o emprego dos vegetais que seus conhecimentos médicos, adquiridos durante a época de seus estudos em Jerusalém, lhe indicavam. Muitos foram os casos de curas repentinas, consideradas como milagrosas pelo vulgo, a ponto de afirmar-se que alguns enfermos colocados no caminho por onde ele devia passar e que tocaram suas vestes, ficaram imediatamente curados. Vós sabeis perfeitamente que isto é possível sem ter que recorrer aos milagres; porém, em verdade, não vi produzir-se o fato à passagem do Messias, senão que isto demonstra a fé que se havia generalizado a respeito do dom de milagres que lhe reconheciam como Filho de Deus que era,tal como o próprio São João, que chamais o Batista, o confirmara.
Morreu, pois, Jesus fecundando com o seu próprio sangue a grandeza de seus ensinamentos, os quais levavam a mais, o maior cunho de garantia, de sinceridade e de verdade, isto é, precisamente a morte de seu fundador, voluntariamente, sacrificado em penhor da pureza e elevação de suas intenções, e apesar de tudo isto, se o Senhor, desde o espaço, não tivesse encontrado em Paulo um médium que estava apropriado para continuar a sua obra, depois de morto, ela teria talvez parecido afogada na Judéia entre as estreitezas do espírito hebreu, para o qual a amplitude de vistas, o altruísmo, a universalidade de tendências do verdadeiro cristianismo de Jesus, constituíam uma imensidade incomparável e inabordável.
Constituímos, enfim, uma nova seita hebreia, com certas particularidades que nos davam personalidade própria, como a tendência para o celibato, o pouco apego aos laços da família, a crença que Jesus era o Messias prometido... os propósitos de pobreza, a prática frequente da Santa Ceia, que depois se transformou nisso tão estranho e tão absurdo que chamaram a comunhão, na qual se viria a comer a carne, ou, melhor dito, o corpo e a pessoa de Jesus.
“Se este sentimento para com vosso Messias não diminuir entre vós, nada haverá que possa separar-nos porque continuareis sendo minha própria carne, meu próprio sangue e minha própria alma”.
Repartiu o Mestre o pão entre todos como era costume e fez que todos bebessem de um mesmo copo, querendo significar a estreita união que ficava estabelecida entre nós e entre ele e nós, repetindo as palavras... “E sereis assim minha carne, meu sangue e minha alma, pois convosco estarei permanentemente unido e com os que a vós tão estreitamente se liguem que formem um mesmo corpo e um mesmo sangue, pois é o amor dos que seguem minha palavra e se ligam à minha obra, o que me dá forças nestes momentose o que sempre mais dará porque isto é meu corpo e meu sangue e o que não comer e beber deles não verá o reino dos céus.” “Grato me será, portanto, toda vez que repetirdes esta ceia em meu nome, e eu ocuparei em todas as ocasiões este meu mesmo lugar no meio de vós e ainda que vosso olhos não me vejam, me pressentirão vossos espíritos.”
O que aí fica constitui a síntese e o essencial do que o Senhor dissera nessa noite e a ninguém ocorreu, o mais remotamente, o significado tão estranho que se lhe veio a dar com a instituição da eucaristia, que viria representar o fato material de tragar a carne e o sangue de nosso Senhor, representados pela hóstia e pelo vinho. Não tenho a menor ideia de criticar uma fórmula do culto católico à qual se dá muita importância; digo unicamente que o Senhor não a instituiu, porque esta é a verdade.
Assim, essa concepção dos chamados mistérios, como o da Trindade e o que pela transubstanciação converte o pão em corpo, sangue e alma de nosso Senhor Jesus Cristo, nunca puderam encontrar cabida em nossos cérebros, muito pouco fecundos certamente. Jamais, em verdade, nos ocupamos disto, sendo tudo de ordem muito mais recente.
Nós éramos simples e sinceros e nosso Senhor, por sua parte, sempre se esforçou por simplificar os assuntos de que devia tratar; portanto, essas intricadas questões do dogma e do mistério que tanto complicam no Catolicismo a ideia religiosa, não podem ter sua origem nem nos ensinamentos de Jesus, nem nos de seus apóstolos, os quais tudo, no Cristianismo, o fizeram por motivo de sentimento, primando em absoluto a linguagem do coração. “Ama a Deus sobre todas as cousas e a teu próximo como a ti mesmo.” Em geral nos consideravam como uma associação piedosa, uma nova seita hebreia de rezadores e penitentes, por isso que nossa propaganda foi abrindo caminho em toda a Judéia, outras povoações e cidades das regiões limítrofes não tardando em falar-se do Cristianismo, nome que pouco a pouco foi prevalecendo, até na Grécia e em Roma. Isto, mais que a tudo, justo é dizer-se, a Paulo foi devido, que, compreendo agora, era o mais bem inspirado, o melhor médium, direis vós, do Senhor, entretanto sempre o tratamos com algum receio, apesar de não admiti-lo jamais como formando parte do círculo dos apóstolos, por motivo, dizíamos, que ele nunca tinha ouvido a voz do Senhor nem participado de sua vida. Barnabé, que substituiu a Judas, tinha ouvido a palavra do Senhor e adepto tinha se demonstrado de antemão, o que não havia acontecido com Paulo, o qual, ao contrário, tinha-se iniciado como inimigo de Jesus e de seus seguidores.
Apóstolo, disse eu, porque bem depressa compreendi, depois de minha morte, que o era mais que nós, porque foi ele quem salvou o Cristianismo do estacionamento de que estava ameaçado na Judéia... Eu mesmo, acompanhado principalmente por Tiago, sustentei a princípio essa tese e quando Paulo, que vinha predicando o contrário, foi a Jerusalém para discutir este ponto comigo e com Tiago, logrando convencer-nos, tão depressa saiu de Jerusalém, os outros, fundamentados em minhas manifestações anteriores, convenceram-me novamente do contrário, fazendo manifestação pública neste sentido, repetidas vezes durante a Santa Ceia, em Jerusalém e depois em Alexandria. Isto, soube-o Paulo, porque havia ali alguns incircuncisos que tinham sido por ele próprio introduzidos, com escândalo, verdadeiramente, para os nossos. Então, sem perda de tempo e sem dúvida com grandes sacrifícios, voltou ele entre nós e com a energia da sua convicção muito censurou em público minha inconsequência, curvando-me eu à sua razão, porém não sem que se levantasse certa indignação contra ele, da maior parte dos cristãos que ali estavam presentes, todos circuncisos menos um que viera com o próprio Paulo. Porém, do meu íntimo, confesso-o, acreditava na necessidade da circuncisão por motivo, principalmente, de haver dado o próprio Mestre exemplo de submissão a ela. ...nas duas ocasiões que esteve conosco em Jerusalém, que desejava conhecer o que Jesus tinha deixado como norma a seguir-se em sua Igreja, quer dizer, aquilo que de seus ensinamentos se devia tomar como oficial, nada nós lhe dissemos de concreto, nada que pudesse implicar num ensinamento ou numa revelação para ele.
Apesar do que está dito, foi de grande importância a vinda de Paulo a Jerusalém, pois estabelecemos um critério de harmonia entre as duas Igrejas que devia ser inquebrantável...
É um ato de justiça o fazer ressaltar o proceder de Paulo, que, vendo os antagonismos que vinham surgindo entre as duas igrejas e a prevenção que existia contra ele e sua atuação com o caráter de Apóstolo de que se dizia diretamente investido pelo próprio Jesus, teve espontaneamente a ideia, e a pôs em prática, de aproximar-se aos discípulos diretos de Jesus, recolher de seus lábios os ensinamentos do Messias e submeter-se a eles... Assim não sucedeu, como acabais de ver, devido à nossa timidez e atraso que nos fizeram retrair dele, fugindo a todas as suas perguntas referentes às particularidades da vida, paixão e morte do Filho de Deus e limitando-nos a falar das generalidades de todos conhecidas. Passou, apesar de tudo, Paulo uns quinze dias ou mais entre nós, intervindo em todos os nossos atos religiosos e de propaganda, assim como na distribuição de esmolas e visitas a enfermos, presenciando também alguns exorcismos de atuados por maus espíritos. Ele também, depois de sua primeira visita, apesar de ter feito já milagres de curas de enfermos, livrou muitos possuídos do demônio....tanto mais que fraqueava a nossa supremacia apostólica devido à indecisão com relação ao que constituía a essência dos ensinamentos do Mestre e que implicava verdadeiramente numa completa reforma do Judaísmo sobre a base da teoria das reencarnações, da pluralidade dos mundos habitados e do progresso, como lei primordial do Universo.
Agora mesmo podeis comprovar como depois de tantos séculos de evolução, ainda os povos do Ocidente aceitam com mais facilidade, sem compreendê-las naturalmente, as ideias de céu e inferno que as reencarnações e progresso. Isto é devido, sem dúvida, à preguiça mental que dá preferência às doutrinas dogmáticas que excluem todo o trabalho do pensamento. É fácil compreender-se as transformações que os escritos podem sofrer ao serem copiados por quem não os compreende. Assim também acontece com toda a “comunicação”, quando o cérebro do homem que serve de intérprete para com o espírito que se comunica lhe é muito inferior em preparo. Por isso tudo o que nos Evangelhos às encarnações se refere, tudo o mais ambíguo resultou. Unicamente no Evangelho segundo S. João se vê completa claridade. Esta também aparece, sem dar lugar à menor dúvida, em muitos outros escritos contemporâneos, sendo que os católicos, uma vez decretado o dogma das penas eternas, fizeram desaparecer todo o testemunho que pudesse ser-lhes desfavorável e o que não conseguiram fazer desaparecer, declararam apócrifo ou herege, valendo-se para isto, da autoridade e da força quando chegaram a tê-las à sua disposição.
A verdade é, entretanto, que ainda depois de constituído o dogma das penas eternas, chegou o reencarnacionismo a apoderar-se de todas as consciências ilustradas, entre os próprios Doutores e Padres da Igreja Católica já definitivamente estabelecida e se bem que isto sucedia muito depois da morte de Paulo, é indubitável que a orientação do trabalho ativo que ele impôs à Igreja do Ocidente, desde o princípio, foi o que a encheu de seiva vivificante e é a mesma que agora também dá provas de sua energia, conduzindo em seu seio, mais ostensivamente que antes, a tal doutrina das reencarnações, não já dentro da Igreja, senão fora dela, porque são os espíritos os que evolucionam e progridem, não as cousas nem as instituições, que morrem logo que os espíritos as abandonam.
Entretanto não é de duvidar-se da imensa obra levada a cabo por Paulo, guiado unicamente por sua mediunidade e por sua grande fé. Medianimicamente eleito e consagrado apóstolo, o foi com maior verdade que os outros, porque seu iluminismo vinha diretamente de cima sem os reflexos humanos que em Jesus homem diminuíam a intensidade do brilho de Jesus espírito. Sem dúvida, foi-lhe preciso ver nosso modo de agir e de conduzir-nos em nossos trabalhos na vinha do Senhor; porém, bastou-lhe ver, para que todos os poderes que em nós atuavam se revelassem nele também, com igual ou maior intensidade, tanto na cura de enfermos e nos exorcismos como na clareza da inspiração. Tudo isto que se refere simplesmente ao medianismo, como vós dizeis, constituía naquele tempo, repito-vos, o dom de milagres com que se distinguiam os enviados de Deus.
A pureza de sua vida, santidade de pensamentos, suas continuadas orações, sua grande fé e o esforço constante para ser humilde, aumentaram os dons de sua mediunidade, correndo a sua fama por todas as partes e acorrendo a ele, de todas as partes também, os perseguidos e os desgraçados.
Todos os que tinham fome e sede de justiça apartavam-se dele consolados e iluminados, levando por todas as partes, até à própria Jerusalém, os consolos e a luz que receberam de graça para que as dessem de graça, por sua vez.
Ó Paulo!... Tu foste verdadeiramente grande, o Grande Apóstolo do Cristianismo!
PEDRO
Do livro: VIDA DE JESUS DITADA POR ELE MESMO – Páginas 450 a 467

A Ressureição de Jesus – O relato de Pedro

A RESSUREIÇÃO DE JESUS
SEGUNDO O APÓSTOLO PEDRO
A Ressureição de Jesus – O relato de Pedro
Queridos irmãos:
Nosso primeiro impulso ante a morte de Jesus foi de terror e institivamente parecia querermos fugir dentre a multidão (já bastante reduzida pela retirada de muitos), temendo nós as brutalidades de que tínhamos visto fazer gala a esse populacho inculto e feroz.
Em verdade, José de Arimatéia, Alfeu, Marcos e Tomé, na noite terrível que precedeu a crucificação, tinham dado já provas de valor muito superior à minha covarde atitude de negador do Mestre. Em compensação, Tiago e João, que também haviam seguido ao Senhor até à casa do grande Sacerdote, tinham dado eles igualmente provas de fraqueza afastando-se quando lhes pareceu correrem algum perigo, e maior cobardia ainda haviam manifestado os que fugiram desde o primeiro momento. ...viu-se rodeada a cruz pelas santas mulheres que haviam estado acompanhando a Maria, a mãe, a poucos passos do patíbulo, por José de Arimatéia, por Tiago e João, filhos de Zebedeu, Tiago o irmão de Maria, Marcos, Alfeu, e eu, que fomos os primeiros a nos acercarmos dos queridos despojos. Descido imediatamente o corpo do madeiro e confiado por alguns momentos ao cuidado unicamente das mulheres, a fim de que o preparassem para seu enterro, segundo o costume de então, depositou-se no sepulcro de José de Arimatéia.
Uma cousa, no entanto, passara já havia por minha mente. Era ideia imperiosa que me apontava como uma necessidade imprescindível: a de ocultar o cadáver de um modo seguro e com o mais absoluto sigilo, de maneira que nem mesmo os discípulos o soubessem, enquanto não se aplacassem os ódios que a tais extremos haviam chegado. Enfim, para que a segurança fosse completa, absoluto devia ser o segredo e para isso necessário era que permanecesse encerrado em minha consciência somente.
José de Arimatéia também tinha pensado em procurar os meios de precaver toda a possível tentativa de profanação dos queridos despojos.
Efetivamente, passados os efeitos da surpresa e depois de algumas hesitações e breve indecisão, acabamos por explicar-nos mutuamente nossa recíproca situação e combinamos agir de comum acordo. Arimatéia conhecia um sepulcro algo distante e de pobre aspecto, que havia sido abandonado por seus proprietários, os quais tinham desaparecido desde os dias da conquista de Jerusalém... No indicado, pois, por José de Arimatéia, resolvemos depositar o cadáver, pondo mãos a obra imediatamente.
Chegamos ao sepulcro de Arimatéia, levantamos com muita dificuldade a grande pedra que o fechava, fazendo alavanca de nossos bastões. Tiramos ao cadáver o lençol sujo e ensanguentado com que estava envolvido, assim como outro pedaço de pano que rodeava sua cabeça e que também estava todo ensanguentado. Envolvemo-lo em substituição, completamente, com um lençol grande que José de Arimatéia tinha levado. Em seguida, muito agitados, pois havia-nos parecido ouvir passos de pessoas... quantas vezes nos pareceu ouvi-los nessa noite!... carregamos com o corpo e abandonamos o sepulcro, esquecendo-nos de fechá-lo novamente. Grande foi o trabalho que nos custou a condução de nossa preciosa carga por entre a escassa claridade da noite e por caminhos íngremes e tortuosos.
Apenas teria desfrutado um curto sono quando um alvoroço desusado me despertou bruscamente, no mesmo momento em que João e as duas Marias se precipitavam para mim gritando: “Jesus ressuscitou como estava anunciado”. “Eis que, acrescentou João, as mulheres acabam de encontrar o sepulcro aberto e vazio, o lençol que envolvia seu corpo e a toalha que envolvia a cabeça ficaram ali deixados de lado”.
João, por sua parte, insistiu uma vez mais em que Jesus tinha ressuscitado segundo sua própria promessa, porém jamais haviam saído dos lábios do Messias palavras que pudessem aproximar-se a semelhante significado.
João, sim, tinha assegurado entre outras cousas filhas de seu caráter novelesco e exagerado que o Messias ressuscitaria ao terceiro dia de sua morte, porém Jesus nada nos disse que se pudesse parecer com isto.
Tinha-se valido também da palavra ressureição, porém, mais ou menos, desta forma: “Muito breve, depois de minha morte, ressuscitarei nomeio de vós para dar-vos prova evidente de minha presença a vosso lado, porém tende como certo, e não olvideis que, embora invisível, sempre estarei presente a vosso chamado e que toda vez que me recordeis no meio de vós estarei. Ainda que vossos olhos não me vejam, nem me apalpem vossas mãos, me pressentirão vossos corações e me ouvirão vossas consciências porque a carne só pela carne é vista, o espírito pelo espírito”.
...os ensinamentos do Messias se referiam constantemente à influência que os espíritos livres exercem sempre sobre os encarnados e que no estado de espírito é quando o ser tem maior domínio sobre todas as suas faculdades.
Aos seus discípulos, entretanto, tinha por costume explicar-lhes detalhadamente as grandes verdades das vidas sucessivas, da pluralidade de mundos habitados, das verdadeiras formas de justiça divina, do progresso como lei essencial do Universo intelectual, sendo que seus continuados esforços resultavam quase de todo estéreis, pois nós mesmos dispúnhamos de muito curta inteligência e cheios tínhamos nossos espíritos das preocupações mais vulgares do judaísmo popular.
O certo é que, pouco a pouco, à medida que os apóstolos foram convencendo-se que não existia nenhum interesse pelo corpo de Jesus por parte de seus inimigos, perplexos eles próprios, cada vez mais, por seu estranho desaparecimento, e com a afirmação constante de João, foram admitindo tacitamente a possibilidade da ressurreição, possibilidade que terminou por converter-se, finalmente, em um dogma, apesar de, na realidade, isto ter sucedido quando nenhum testemunho existia já desse tempo.
Sobretudo, havia acalmado meu espírito um sonho extraordinário para mim, naqueles momentos. Foi na noite seguinte à nossa façanha, inteiramente justa e inocente por seus fins que, antes de entregar-me ao sono, orei muito, de joelhos, apoiado a uma cadeira. Adormeci, quando, inopinadamente, vi o Mestre descendo do alto do aposento na minha direção. Seu semblante apresentava-se-me carinhoso e risonho, com uma expressão de benevolência realmente angelical. Eu caí de joelhos durante o sonho, dizendo: Senhor, por que me procuras? – Aproximou-se principalmente sem mover as pernas, como se deslizasse perto do chão e levantando as mãos, como para abençoar-me, mostrou as feridas dos cravos, vendo-se também as dos pés. Não temas, Pedro, disse... tão fraca é já tua lembrança do Messias, do teu Senhor?... Senhor! Senhor! Tu sabes quanto te amo, perdoa, pois, minhas fraquezas e ignorância que me fizeram silenciar a respeito de tua ressureição. Ainda vendo-me, dúvidas, Pedro, ainda? Eis-me com minhas feridas ensanguentadas, toca-me, pois, que é meu corpo e acreditarás. Estendi os braços animado pelo convite, para certificar-me da verdade, porém despertou-me um golpe brusco, tendo perdido o equilíbrio por algum movimento durante o sono, indo dar com a boca contra o chão, ainda que com pouca violência, devido a minha posição de joelhos e por estar apoiado a cadeira.
Quanto à visão de Madalena, que a tradição fez chegar até vós, respeitemo-la dentro das intimidades do sentimento; porém ela certamente em nada podia referir-se ao fato da ressureição material.
Desde o princípio não se demonstrou Paulo muito disposto a reconhecer a nossa autoridade e talvez isto foi um bem. Nós, em troca, nunca lhe demos o título de apóstolo e foi um erro de nossa parte, porque não podia ser mais evidente seu apostolado. Reconheciamo-lo, sem dúvida, como o chefe da igreja do Ocidente e mantínhamos boas relações com ele, pareceu-nos que carecia dessa humildade e mansidão ensinadas pelo Mestre e que deviam distinguir os seus apóstolos.
PEDRO
Do livro: VIDA DE JESUS DITADA POR ELE MESMO – Páginas 438 a 450

domingo, 16 de outubro de 2011

Estão próximos os tempos em que a Verdade e a Justiça hão de dominar no mundo


Estão próximos os tempos em que a verdade e a justiça hão de dominar no mundo, vendo-se desalojados os espíritos retardatários, que passarão a povoar outras esferas. Os bons sentimentos, as boas ideias elevam a alma dando-lhes mais clara visão em tudo o que é próprio do ambiente espiritual.

Próximos estão os tempo para o restabelecimento da verdade e da justiça sobre a Terra e percebe-se por toda parte os celestes mensageiros que vos trazem as palavras do Senhor para sua glorificação na hora atual e por toda a eternidade. Regozijai-vos, pois, os que tanto haveis clamado pela chegada de uma nova era de paz e de justiça entre os homens, regozijai-vos, porquanto são já inequívocos os sinais que tais mudanças indicam e que nas próprias consciências dos homens resplandecem como testemunhos inconcussos da era de bonança que à Humanidade se oferece finalmente, embora com exclusão dos retardatários do progresso, os quais descerão a esferas próprias de seu escasso adiantamento.

Assim, pois, notai a era da vinda e morte de Jesus e observai quanta luz se difundiu a partir desse sacrifício. Grande foi a abnegação, grandes as virtudes, muito grandes os elevados exemplos de altruísmo, de apostólica renuncia, de intensos esforços pelo império da verdade sobre a Terra. Bem, pois, tudo destinado está a frutificar e a vontade divina considerou suficiente já o labor e o esforço levados a cabo pelos que tal luta sustentaram, e em sua eterna sabedoria e justiça lhes fará entrega do campo, fincando desalojados assim os refratários a todo o regime de equidade, os quais abusaram sempre em seu próprio beneficio de tudo o que Deus colocou ao alcance do homem para o comum adiantamento de todos, enquanto que dele, estes se apropriaram mediante maus manejos e com um fim puramente pessoal e egoísta. Sendo assim, portanto, sirva-vos como sinal de chamada, a voz de vosso Messias que vos vem recordar o que antes já vos disse. Mantende-vos, pois, unidos e firmes sobre a fé que vos foi comunicada e sede principalmente humildes porque nada sois e porque é a humildade a chave que melhor abre as portas do céu. Quantos erros, quanta mentira, quanta obscuridade tem acumulado o orgulho humano em volta da obra de Jesus como o único fim da dominação! Os que se declaram meus representantes sobre a Terra, assenhoreando-se de todo o fruto de minha sementeira na vinha do Senhor e proibindo tudo quanto não saísse deles, porquanto unicamente deles havia de receber-se o que de Deus vem, mantiveram a Humanidade no erro, impedindo-lhe toda a visão clara a respeito do que é próprio do espírito e no qual se encontra o seu adiantamento, pela visão e o conhecimento do que corresponde à sua própria natureza. Assim: a elevação cheia de fé que fizerdes de vosso pensamento para o Pai, o arrependimento sincero das faltas cometidas, o decidido propósito de emenda, o esforço contra as vossas paixões, o predomínio sobre as mesmas, possuem a propriedade de aumentar a visão do espírito, de dar-lhe lucidez e elevação, quer se encontre encarnado, quer esteja desencarnado.

Sede, pois, humildes de coração e fortes de alma, para dominar as baixas paixões que vos mantêm perturbados sobre a superfície da Terra, mantende fechados vossos sentidos às tentações que vos vêm da matéria e abri, em compensação, quanto vos seja possível, os olhos da alma para que vejais por eles todo o esplendor da morada que o Filho de Deus vos tem destinado, se a ele vos unirdes pelo acatamento das leis divinas, por vossa consagração à prática de seus ensinamentos e pelo amor que vos fará partícipes de todo o calor de seus sentimentos. Coragem, pois, irmãos meus, agora principalmente em que as preocupações, os vícios, as mentiras e as maldades das maiorias vos afastam dele, isolando-vos das trevas de que estão rodeados, e entre as quais cairão envolvidas, até ocuparem o plano que lhes corresponde por seu atraso, enquanto que, purificado o ambiente com sua partida, vos encontreis no meio da felicidade que proporciona a própria pureza do ambiente que habitais, e a bondade e inteligência dos que constituem convosco os eleitos do Senhor.

Recordai-vos quanto a isto, que “Deus é Espírito; e é mister que aqueles que o adoram, o adorem em espírito e em verdade”. E recordai-vos também que “o que ceifa, recebe salário, e colhe fruto para a vida eterna, para que gozem ao mesmo tempo o que semeia e o que ceifa”, porque, em verdade vos digo, que unicamente alcançarão a pátria celestial aqueles que para ela tenham caminhado pela elevação de seus espíritos, mediante o trabalho constante na vinha do Senhor, que vinha é espiritual, onde a própria grandeza de cada um colhe para maior glória também do mesmo Senhor, que o princípio é e o fim de todas as cousas. Regozijai-vos, pois, os que haveis tido fé e haveis permanecidos acordados porque chegada é a hora de vossa justificação. Não vos olvideis tampouco que um só há de ser o rebanho e um só pastor. Abrigai-vos, pois sob estas minhas novas palavras que eco encontrarão, sem sombra de dúvida, no coração dos eleitos, enchendo seus espíritos das brilhantes promessas que vim renovar em vossas consciências de adeptos da lei de amor e ante a fé de iluminados, que haveis merecido, os que até aqui me tendes acompanhado com a simples certeza dos que claramente distinguem sua rota.

Que Deus vos ilumine ainda mais! São as palavras com as quais Jesus se despede de vós, ao terminar estas páginas destinadas para complemento de sua vida, que por outro conduto vos ditou.
JESUS DE NAZARETH

Do livro: VIDA DE JESUS DITADA POR ELE MESMO – Páginas 435 a 437