COMUNICAÇÃO
DO APÓSTOLO MATEUS
A dupla consciência, a recordação do passado e os colpinos
É claro que não pode existir a recordação da sua atuação, desde o momento que o cérebro não recebeu impressão alguma a respeito dela, sendo sabido que a memória do homem é somente cerebral.
Bem se diria afirmando que o espírito atua com uma nova personalidade em cada encarnação, pois que o cérebro vai recolhendo paulatinamente todas as impressões que lhe chegam do exterior pelo contínuo e agitado movimento do meio que o cerca.
Para nós não existe a divisão do tempo que regula entre os homens, e somente nos guiamos pela sucessão dos fatos, no meio dos quais temos vivido e que de certo modo forma a parte de nossas atividades; por isso não calculamos as idades e é assim que, fazendo talvez uns trinta e tantos anos, segundo ouvi dizer entre vós, que deixei minha envoltura corporal, parece-me entretanto que ontem ainda vivia ainda com os homens, razão, precisamente, que induziu o Mestre a encarregar-me do tema proposto, porque deveria eu elucida-lo mais humanamente que os outros Apóstolos.
Disse já que na minha última encarnação fui Rafael Fernández, tendo-me ocupado não pouco, ainda quando universitário, de assuntos filosóficos e religiosos, em estreita relação com o cristianismo, fazendo assim justiça ao meu passado...
Paulo descobriu que, o que ele chama desdobramento voluntário, quer dizer, a faculdade de desdobrar-se quando se deseja, durante a vigília, é o que mais ajuda para a recordação do passado. Por isso ele formou escola em atual sentido, indicando os métodos para o caso. Este bom companheiro, apesar da recordação que guarda a respeito do passado, chegou a esquecer-se do seu mandato, de tal forma que, devido aos seus estudos e ao ambiente cientifico que o rodeava, chegou a olhar com desprezo o próprio Mestre, a ponto de apontá-lo como um vagabundo, por não ter lar nem meio de vida conhecidos. Era, dizia, um iluminado ignorante que arrastava massas mais ignorantes do que ele. Eu o digo, porque ele próprio o confessa. Verdade é, segundo afirma, que suas recordações a respeito do passado, recentemente começaram a manifestar-se e com nitidez aos trinta anos, aclarando-se e manifestando-se com muita facilidade depois, devido à sua mediunidade e à faculdade de desdobramento que conseguiu dominar quase por completo.
Três vezes, refere Paulo, em seus desdobramentos não pôde voltar a seu corpo e que, se não fosse pela intervenção dos bons espíritos que o introduziram em seu organismo, com a maior facilidade teria morrido.
Os espíritos aconselham que se avise os Protetores antes de entregar-se um encarnado a exercícios de desdobramento em estado de vigília.
Os espíritos protetores são os que antes se chamavam anjos guardiães, pois se consagram especialmente na custódia dos homens e eles são os que, durante o sono, ajudam os espíritos dos homens a separarem-se da sua envoltura corporal para que deixem por alguns momentos a materialidade da vida humana e gozem de certa liberdade espiritual, comunicando-se com os seres queridos que os procederam no Além e de quem recebem novo alento para as lutas da vida material assim como ensinamentos e conselhos. Certamente que, disto não se lembra o homem ao despertar, porque o cérebro não pode guardar impressões do que não passou por ele, porém sempre fica um reflexo disso, o estado de intuição ou disposição favorável para o que se há de fazer. Não se deve crer que durante estes desprendimentos o espírito do encarnado vá atuar realmente no plano espiritual, mas sim em um plano intermediário a que Paulo chama plano fantasmático ou simplesmente plano extracorporal.
Esses espíritos parasitas que vivem entre os homens e a expensas dos mais fracos são colpinos. Indubitavelmente tudo é um dano, tudo é mal que eles fazem, porém o que é preciso notar é a hipocrisia com que procuram justificar o dano que causam.
A indicada palavra vem de culpa, quer dizer, que o colpinado sofre consequência de uma culpa; eles são pois os juízes que avaliam a culpa e a castigam sempre em benefício próprio.
Pode doer ao colpinado um membro ou toda a extensão de um músculo, uma artéria ou um nervo, porém procurando, encontra-se o ponto bem circunscrito, muito mais dolorido. Comprime-se fortemente com um dedo esse ponto enquanto se detém a respiração o mais que se possa, e se repetir a operação várias vezes ao dia, com este processo quase sempre desaparece o mal. Deve-se recordar que, detendo a respiração, se desenvolve uma grande energia magnética.
Desenvolvei, pelo menos, vossas aptidões para o magnetismo curativo, com o qual não somente podeis fazer muito bem mas também chegareis ao mesmo tempo a desenvolver as vossas aptidões psíquicas, porém ao magnetizar, tende cuidado com quem o fazeis, porque se um mau magnetizador transmite um grave perigo, não é menos grave o que ameaça a um bom magnetizador quando pretende beneficiar um ser inferior. É o mesmo que com a caridade, que é preciso ver a quem e como se faz a caridade, para não sermos vítimas, como muitas vezes sucede, do bem que se fez.
Levantando e favorecendo, por exemplo, um malvado com aparência de bom, podemos armar um inimigo do bem, talvez encaminhar um déspota, em seus primeiros passos, para as alturas, para sermos depois suas primeiras vítimas.
Que Deus seja convosco.
MATEUS, Apóstolo.
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