domingo, 16 de outubro de 2011

O homem é, pois, o único culpado


O homem é, pois, o único culpado de seu próprio estacionamento e da maior parte de seus sofrimentos que se derivam da falta de acatamento das leis com que Deus governa o universo moral.

...chegou-se a matar e incendiar em nome do humilde carpinteiro de Nazareth que palavras de vida e não de morte tinha trazido e como se pequeno tivesse sido seu martírio e o sacrifício  de sua própria vida, deduziram-se estranhas teorias das simbólicas palavras pronunciadas na última ceia, derivando delas o festim de carne humana em que voltou a ser sacrificado e comido durante a missa, sob o símbolo eucarístico que o dogma converte em fato real.

O temor aos infernos, entre outras cousas, prolonga e faz mais dolorosas as enfermidades inevitavelmente mortais, vendo-se agonias terríveis no crente, que perdidas todas as suas relações com o mundo mortal, permanece ainda ligado à vida pelo horror à morte e às consequências que com respeito a ela sua religião lhe ensinou.

Observa-se aqui que por outro lado também os seres virtuosos que viveram dentro da prática austera do Catolicismo e que fizeram ao mesmo tempo todo o bem que puderam, se os vê aqui sofrerem cruelmente por sua incapacidade para a vida do espírito e clamam contra o engano de seus confessores, diretores e mestres, sem recordarem que ninguém sofre por culpas alheias, pois a justiça de Deus é inquebrantável, determinando a cada qual o que estritamente lhe corresponde.

...Paulo também entre vós esteve mas desviado do caminho trocou a cruz pela espada, transtornando seu próprio progresso em lugar de adiantar o de seus irmãos! Tal é a cegueira que matéria traz ao espírito encarnado! Mas Paulo, que também entre os espíritos voltou, vendo e sofrendo as consequências de seu erro, arrependido e entristecido mas não debilitado, entre vós novamente se encontra para reconquistar o posto que ele considera ter perdido, apesar de muito ter feito também, sendo que as vias hão de ser bem definidas para que a meta se veja claramente explorada diante do obreiro da vinha do Senhor.

A ele sim, muito o tendes conhecido, porém nem sempre haveis deixado passagem livre às suas palavras, demasiado entregues à vida dos sentidos, vos assusta quando vos fala do além e não acreditais em suas recordações do passado.

Jesus havia anunciado a seus discípulos que nos séculos dezenove e vinte faria sua reaparição na Terra, embora sob outra forma, quer dizer, medianimicamente acompanhado por eles e como quanto sua natureza de elevada espiritualidade lho consentisse, pondo-se em contato com os homens mediante a sensitividade de Paulo, pela qual salva tinha sido já sua doutrina, que, sem ele, quase desconhecida do mundo teria ficado, circunscrita unicamente na Judéia e regiões circunvizinhas.

Paulo, em comunicação com Jesus, então como agora, se bem que muito melhor agora, divulgou, dando-lhes também maior amplitude, aos ensinamentos do Messias...

O costume hebreu, apesar de fazer depender das cousas do culto também as cousas humanas, buscava a supremacia religiosa também no civil, pronto a impor seu prestigio entre os cristãos que, como já outra ocasião vos disse, haviam estado um tanto sob a influência de Tiago meu irmão, que professava o antigo culto, pois nada chegado havia a compreender do novo.

Esta foi a verdadeira causa das perseguições contra os cristãos porquanto, em verdade seja dito, os Romanos respeitavam todos os cultos e faziam respeitar a seus próprios súditos a religião dos povos que conquistavam...

Não se conformavam, porém, com aquilo os Cristãos, principalmente os que vinham a Roma desde a Judéia, pois que antes faziam alarde da grandeza da nova revelação e de sua superioridade sobre a religião do Estado e de seus falsos ídolos.

Desprezavam assim e insultavam as crenças dos que em sua própria casa os admitiam e deixavam exercer livremente suas práticas, chegando também, mediante sua assídua e audaz propaganda, a intrometer-se nas intimidades da visa dos Romanos, estes orgulhosos e convencidos de sua superioridade sobre todo o mundo, bem depressa respondiam com a violência à audácia desses desprezíveis e adventícios praticamente favorecidos nos trabalhos e ofícios mais humildes, até nas ideias e práticas do governo real pretendiam os cristãos fazer chegar suas opiniões e suas críticas.

Eis as origens das perseguições como do mesmo modo os primeiros passos dessa tendência avassaladora anticristã, que constitui a origem do que mais tarde foi o Catolicismo.

A história foi, pois, adulterada sobre este particular, pois unicamente os cristãos foram os culpados das perseguições de que foram vítimas, assim como foram eles próprios, conforme iam alcançando importância, que foram humanizando o que era divino, das cousas do Pai cousas de homens fizeram, resultando enganosa aliança, porque impossível entre os cristãos e o paganismo; quer dizer, entre o amor e a prepotência sanguinária, o fruto que conheceis e que sob o nome de religião encheu de horrores e ódios a Humanidade inteira.

Por isso volta o Messias com seus apóstolos para o restabelecimento do que se disse: “Ama a Deus sobre todas as cousas e ao próximo como a ti mesmo, esta é a lei e os profetas”. “Mas somente com a humildade não se alcançará a meta, armado e horripilante como o mal por todas as partes se apresenta”.

Se minhas palavras, não lhes ensinou o meu proceder para com os escribas e fariseus, a maneira como tratei os mercadores do templo e a guerra que sempre fiz a todos os ricos e malvados, principalmente entre poderosos, demonstraram sobejamente que não baixou Jesus à Terra para estabelecer uma seita de rezadores.

Do livro: VIDA DE JESUS DITADA POR ELE MESMO – Páginas 429 a 435

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