sábado, 8 de outubro de 2011

VIDA DE JESUS DITADA POR ELE MESMO - 2ª PARTE - CAPÍTULO XV - RESUMO

Muito numerosas têm sido já as vezes que Jesus se tem comunicado com os homens nesta sua aproximação até vós, porém quase sempre seus ensinamentos têm sido desestimados por encontrarem-se frequentemente em oposição com o que se atribui como tendo sido dito por ele, segundo o testemunho dos Evangelhos e, por ainda, de acordo com a interpretação caprichosa que desses mesmos escritos faz o clero atual, sendo, portanto, um obstáculo para que não chegue até vós sua verdadeira palavra, como já antes o foi para dificultar sua predicação até sacrificá-lo cruelmente. Pouca cousa significa que o clero atual obedeça a diferente culto que o da Judéia, porque sempre clero é no fundo, o que quer dizer que se trata de uma associação de homens interessados na conservação do que lhes confiaram como cabedal comum; esse cabedal é o que lhes deram como “a revelação”, interpretada e ensinada na forma que pode ser a mais acertada segundo os tempos e os meios que antes se dispunham, porém que os novos dados trazidos pela investigação e a luz sempre em aumento no mundo, a colocam em condições desfavoráveis em frente de todas aquelas verdades que o mesmo homem descobriu por seus próprios meios. Vem então o dogma, isto é, a obrigação de crer, sob penas severíssimas, em tudo quanto o clero veio ensinando como “a verdade revelada”.
É o cabedal de sua própria existência o que eles defendem assim, porquanto a menor concessão que fizessem ao progresso das ideias, reconhecendo em parte, ainda que mínima, os erros de sua igreja, bastaria para a perda total de seu prestígio, pois o pedestal de sua infalibilidade se teria despedaçado em mil fragmentos. Isto quer dizer que muito diferente cousa resultam a ser a religião e o clero. A verdadeira religião vem de Deus. O culto do clero é no fundo filho dos interesses do mesmo clero e por isso a única revelação admitida é a que não se opõe a esses mesmos interesses, interesses frequentemente confundidos também com as doutrinas e até em doutrinas convertidos. Mas não acrediteis que significa isto o desconhecimento da sinceridade com que muitos do clero procedem, não, pois muitas vezes choro ante as torturas que em si mesmo sofrem muitos corações puros que entendem como a maior necessidade seu submetimento ao dogma, que, não obstante, repele sua consciência.
A igreja católica, que rapidamente substituiu até os singelos ensinamentos de Jesus, resultado foi de alianças do espírito velho com o espírito novo e seu culto foi antes uma adaptação do culto idólatra dos gregos e dos romanos principalmente que das ideias chegadas da Judéia.
... estabeleceram-se hierarquias na própria igreja que se disse de Cristo e interpretaram-se as palavras do Messias contra o espírito por ele demonstrado, que de humildade e de caridade mais que tudo estava impregnado, rodeando-se a religião e o clero de toda a suntuosidade, de todo o ouro e de todas as riquezas que de pôde. Consagrou-se o sacerdote com o poder de perdoar todos os pecados, por grandes que fossem, e com o outro, maior ainda e mais incompreensível, de converter o pão e o vinho na carne e sangue do que se chamou o cordeiro pascal, sem deixar de ser vinho e pão, porém passando a ser na realidade a mesma carne e o mesmo sangue de Jesus, com todas as suas propriedades.
As doutrinas do Messias deixaram de estar assim com eles certamente, para esconderem-se outra vez entre os pobres e os deserdados, entre os humildes, entre os que a Deus somente elevam seus corações, em demanda de amor que os vivifica e que unicamente d’Ele vem. Acreditais, porventura, que a ação física do que chamado foi Eucaristia, e por mais que frequentemente a fé a acompanhe de um elemento também moral, acreditais, porventura, que sua ação ao lado do perdão dos pecados, tão facilmente obtido e sem intervenção das vítimas, será de algum proveito real para o espírito?
Tende bem fixo sempre no entendimento vosso que só o amor foi a base e também o objetivo dos ensinamentos de Jesus, pelo que eu vos disse, que “só pelo amor será salvo o homem”. Que há, pois, de amor no tratamento que se dá a Jesus com a eucaristia, renovando sua dolorosa paixão e convertendo seus despojos em alimento dos fiéis? – Que há de amor na obrigação e necessidade que se impõe ao crente ao receber o perdão de suas faltas unicamente por intermédio do sacerdote? – Nada há, pois nisso que se relacione com meus ensinamentos e tende a certeza que jamais teve Jesus a ideia destas cousas quando, sempre pelo contrário, ensinou que todos éreis perante o Pai, e que agradável era-lhe ouvir as vozes de suas criaturas elevando-se em demanda de sua paternal proteção. A oração que chamais dominical não saiu certamente dos lábios de Jesus, que muito orou e muito ensinou a orar, mas eram suas orações de menos egoísmo e materialidade e de maior elevação moral.
A Ceia Pascal, queridos filhos meus, tinha para os hebreus elevada significação de confraternidade com o Senhor. Se, pois, cheios eram esses momentos de religiosas evocações, mais ainda transbordavam de sentimentos de confraternização.
Mas não busqueis nos atos materiais dos homens a sua verdadeira essência, porquanto sofre ofuscação da mente, muitas vezes, e é levada a atos em aparência incompreensíveis como o de quem traga a hóstia consagrada, crente que traga a Deus e está convencido de fazer boa obra assim. – Esse homem obra bem em sua consciência e frequentemente, a preparação para esse ato, que ele classifica de santo, implica em uma verdadeira e encantadora purificação, que oxalá tivesse tu, que fazes motivo de zombaria dele, meios com que substituí-lo.
...honrai-O com o cumprimento do que vos é necessário cumprir para com o Pai, elevando diretamente a ele vossas orações, porquanto nenhuma intervenção estranha vos é necessária para o cumprimento do que o Pai é devido e porquanto assim também vos hei ensinado.
Facilmente vereis que o que se diz da confissão, da eucaristia, do inferno, etc., não encontra verdadeiro lugar no meio dos ensinamentos do Messias.
Do livro: VIDA DE JESUS DITADA POR ELE MESMO – Páginas 375 a 380

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