Tenho que repetir-vos uma vez mais, queridos irmãos meus, que nunca o espírito de meus ensinamentos foi compreendido, resultando em parte justamente o contrário do que o Messias se propusera...
Com o andar do tempo, entretanto, corromperam principalmente seus ensinamentos os mesmos que se apresentavam perante os homens como mestres e depositários deles, levantando templo de desunião com práticas que não comportavam os propósitos do Messias... Significa isso dizer que têm vindo preparando-se paulatinamente os tempos que próximos estão agora a chegar, em que nem dentro de lugar determinado, nem dentro de religiões diferentes hão de elevar-se preces ao Senhor, senão no único templo e religião de vossos corações e de vossas consciências, isto é, dentro de uma mesma religião para todos, religião universal, portanto, cujo único preceito para todos se encerra dentro da sinceridade e elevação de sentimentos, unido a um veemente desejo de progresso para a verdade e o bem. Assim, falsa é sob todos os pontos, falsíssima a insistência com que meu querido, porém obcecado discípulo João, dá cor material, realidade carnal, ao dito referente à transubstanciação do pão e do vinho na própria carne e sangue de Jesus.
Não há de duvidar-se certamente que o escrito muito diferente é do que realmente por ele foi dito; mas ele que teve de meus lábios a forma figurada de minhas palavras pelas que unicamente o conceito espiritual da frase evidenciava, podia bem deixar mais claramente expressa a verdade. Diz ele, entretanto que nada disse que pudesse tomar-se materialmente e jamais acreditou tampouco que pudesse ter lugar algum dia tão estranha cousa, como a de mudar em carne do Mestre o pão e traga-lo para salvação das almas.
...porquanto deveis saber que o pensamento não tem forma de palavras, sendo que no cérebro é que assim se converte para humaniza-lo, o que quer dizer que lhe dá roupagem material para que possa circular praticamente no mundo dos sentidos. Se ao pensamento não lhe alcançassem formas materiais, não poderia ser traduzido em palavras e a linguagem não teria aparecido e o pensamento teria permanecido órfão de alianças para com o corpo humano, o que não teria podido acontecer, porquanto faltaria o propósito da encarnação se não tivesse o pensamento meio para seu exercício e adiantamento.
...porém o pensamento existe antes que a celebração e a palavra existe na mente antes que a formulem os lábios. O que é, pois, do espírito, do espírito é e o que é da matéria, da matéria é, um e a outra se enlaçam sob o império das leis que do Pai vêm de toda a eternidade, porém, jamais um é a outra, sendo que a outra instrumento há de ser para o adiantamento do espírito e cumprimento da suprema lei do progresso, preenchendo-se assim a vontade do Pai, que é a causa última e a primeira, o motor único do universo inteiro.
Se verdade é que estas, ou palavras mais bem parecidas a estas, foram ditas pelo Messias, dando a conhecer os novos nascimentos que a alma toma na Terra por motivo de seu adiantamento, elas encerram, portanto não a mesma intenção que então, e agora ele fez e faz, quer dizer, que quis explicar que o corpo material vem da matéria, porém a alma, que lhe dá personalidade, vem do mundo dos espíritos; não nos é dado vê-la e tocá-la com os sentidos do corpo porque também a alma somente por suas percepções da alma é apreciada, porém, enquanto se dá o nascimento pela união do espírito com um corpo que há de ser seu instrumento.
Portanto, o que é da matéria, matéria é e o que é do espírito, espírito é; porém tudo é um para o progresso, que é a glorificação do Senhor. Tudo é um certamente, nada é sem o autor; o espírito não alcançará adiantamento e a matéria estéril seria em seu desenvolvimento sem o fim da inteligência.
De tudo isto se vê que a pessoa propriamente é o espírito, o qual com o tempo, com o trabalho e com a regeneração dos pecados que cometeu por sua torpeza, chega a elevar-se até a verdade e à justiça, não em uma vida seguramente, senão em muitas. Não traz recordações em cada vida de sua vida antecedente, porque ele mesmo foge dessas recordações... Podia bem o espírito, com algum esforço seu e ajudado por suas alianças do outro mundo, manter a recordação de seu passado, mas isto jamais pode acontecer-lhe, porquanto ocuparia seu cérebro e gastaria suas forças para a recordação daquilo que justamente lhe convém olvidar, e que voltou à Terra para esquecer. Assim, pois, os que guardam recordações, e muitos há, é por causa espontânea, devido à sua elevação moral.
Ah! Sede, pois, grandes de alma, sede verdadeiramente bons e não temais, porque o Universo inteiro vos pertencerá, como verdadeiros filhos do verdadeiro Pai. Não vos confundais com tantas doutrinas, porque são os fatos os que valem, e estes governados são pelo Pai e não pelas doutrinas saídas de vossas cabeças. E vos disse e novamente vos repito: amai, amai sempre, perdoai sempre, e fazei o bem, fazei-o sempre, até aos que vos fazem mal. Vereis assim vossos espíritos, uma vez chegada sua hora, elevarem-se sobre nuvens de luz para Deus, no meio da felicidade perfeita de que só aos anjos de Deus é dado desfrutar.
Quisera o Messias poder introduzir-se em estreita união com vosso ser para que suas palpitações encontrassem eco decidido em vossos corações e que a luz que justamente ilumina sua inteligência pudesse igualmente brilhar na vossa; mais acima de seus desejos está o cumprimento da lei de justiça que rege o mundo moral; é pois que seus desejos devem responder os vossos com igual intensidade e não o fazem. Vedes, entretanto, que a palavra é difícil a Jesus, encontrando-se tão distante de vós que não o atraís pelo magnetismo da simpatia, isto é, pelo amor sincero. Custa a meu próprio intérprete sua tarefa, pela enorme distância que nos separa, pelos muitos intermediários que formam a cadeia que de Jesus até ele chega e pela completa falta de ajuda por parte dos que o rodeiam e para quem estas palavras são não obstante dirigidas.
Do livro: VIDA DE JESUS DITADA POR ELE MESMO – Páginas 392 a 398
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