quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A AVALANCHE

Uma avalanche começa a se formar quando lá nas alturas se desprende um punhado de neve, e começa a rolar pela encosta da montanha acumulando cada vez mais neve. Desta mesma forma, às vezes se formam os grandes carmas, a partir de pequenas faltas de respeito aos direitos alheios, que sempre foram crescendo a ponto de ter necessidade de serem compensados por grandes sofrimentos, e grandes obras de resgates, que a igreja confundiu com santidades. Mas esta já é uma outra conversa, é coisa de igreja.

Há dois mil anos, dois grandes espíritos se desesperaram, porque falavam de suas ideias para as pessoas e estas não lhes davam atenção. Queriam melhorar o comportamento das pessoas e dos governantes, mas estes não se impressionavam. Um era ermitão, um solitário que vivia à beira do deserto esbravejando contra os pecadores, pretendia convertê-los ao bem e os chamava para banhar-se nas águas do rio Jordão, e ali lavar-se de todos os seus pecados passados e começando depois da ablução uma vida nova, tementes a Deus. O outro andava pelos arredores de Jerusalém, de Filipópolis, no caminho de Coroaím para Damasco, na Cesaréia e Cafarnaum. Pregava a paz, o perdão e o amor a Deus e entre os homens.

Os dois eram considerados sonhadores pelas pessoas, quando não simples malucos. Os dois se roíam por dentro, vendo-se impotentes diante da indiferença dos contemporâneos, ao mesmo tempo em que sabiam que deveriam cumprir as suas missões de conversores. O ermitão era João de nome e passou a ser conhecido como batizador, ou Batista também. João vivia em cavernas, no limiar do deserto, sacrificando-se e mortificando-se o tempo inteiro, pedindo a Deus pelos homens. O outro era conhecido por Jesus, o Nazareno. Um homem bom de quem nunca se ouviu falar que tenha feito mal a alguém, e dizia "os homens são meus irmãos e todos os meus irmãos têm direito ao meu amor". Ensinava a perdoar, era o apoio dos fracos, a doçura pelos aflitos, o refúgio dos culpados, e um Mestre de elevados ensinamentos para todos os homens.

Entretanto a maioria das pessoas ria deles e não os levavam a sério, mas as autoridades já estavam se sentindo incomodadas, aguardando a oportunidade de liquidá-los, e os dois viviam tristes pelo temor de não cumprir as missões confiadas a eles pela espiritualidade.

Isto se passou a dois mil anos atrás, quando o homem achava que dependia dele ou da sua atuação mudar as coisas ou o andamento delas, pois apesar das angústias vividas pelos dois naqueles tempos, as suas atuações em vida foram modestas.

Mas hoje, dois mil anos depois, quanta gente conhece as suas histórias? E suas histórias mudaram os rumos dos pensamentos. Por quê? Porque esta é simples participação, pois quando houver força maior nisso tem que acontecer, ninguém pode impedir. Quando o caminho do acontecer já estiver estabelecido por esta força, vai simplesmente acontecer, e o indicado para esta representatividade vai simplesmente cumprir esta missão por vontade Divina. Quem pode impedir que isso aconteça?

Quando me disseram que eu tinha sido novamente indicado para representar a palavra do espiritualismo na terra, a primeira ideia que tive foi de fugir outra vez para o deserto, e desta vez fazer um buraco em uma caverna bem funda para esconder-me, mas em mais dois mil anos eu aprendi que para Deus basta uma simples vontade e todo o sistema vai realizá-la, e pode acontecer dois mil anos depois, mas acontece, daí só podia dizer: "Seja feita a Sua vontade assim na terra como nos céus". Não me preocupo com o resto, pois o importante nisso é fazer aquilo que posso, e deixar o resto para os outros fazerem.

Do livro: O EVANGELHO SEGUNDO A LITÁURICA

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