segunda-feira, 12 de setembro de 2011

VIDA DE JESUS DITADA POR ELE MESMO - 1ª PARTE - CAPÍTULO VII - RESUMO

Meu prestígio na Judéia o devia à personalidade de João. É evidente que, a não ter sobrevindo a morte de João, Jesus não teria conseguido influenciar as massas para que o seguissem em um país onde o povo honrava o piedoso cenobita. Mas, por efeito da vontade divina, a morte de João veio a favorecer a missão de Jesus.
... Desde sua prisão, João, que podia comunicar-se com seus discípulos, mandou-me muitos dentre eles para dar-me a conhecer sua penosa situação e confiar-me o poder que tinha na Judéia. Meus apóstolos acolheram com frieza aos discípulos de João.
Assustado pelas consequências da prisão de João, desesperado pelo provável fracasso de minhas tentativas, porém resolvido a ensaiá-las e forte sobretudo pelo legado que me deixava o apóstolo de Deus, encaminhei-me com os discípulos do prisioneiro para colocar-me em condições de poder-lhe servir e para receber suas últimas instruções.
Cheguei ao lado de João com a passageira esperança de salvá-lo, mas ele afogou esta esperança dando-me as mais espantosas informações a respeito do poder que o mantinha em custódia.
O que eu devia fazer, disse-me João, no interesse de nossa causa, era manter-me distanciado do centro da perseguição e continuar fazendo partidários nas classes mais ínfimas.
Fiquei a sós com João, não havendo nada em minhas aparências que pudesse causar a menor suspeita aos guardas do prisioneiro, e escutei a palavra do apóstolo inspirada já pelos resplendores, que ele entrevia, do Além, entre as sombras da morte. De joelhos, como pouco tempo antes, durante a penitência do Jordão, inclinei a cabeça diante dessa grande figura da história dos séculos. João levantou-me, abraçou-me, deu-me ânimo e fez-me prometer que seguiria seus conselhos.
“Não vejo a hora de afastar-me da justiça dos homens e deixo-te o cuidado de minha glória perante a posteridade. Filho de Deus, continua minha missão. Anda depressa! Os dias estão contados e nossa aliança deverá receber o prêmio na pátria celeste, depois do êxito. Anda depressa! A causa de Deus está em perigo e o Messias João a confia ao Messias Jesus. Adora a causa de Deus que nos lançou aqui e caminha para a morte com o olhar fixo no porvir. No porvir, o nome de Jesus será glorificado e  sua fé triunfará, porque o Deus de Justiça e de amor designou-o Messias da religião universal”.
Engrandecido pela fama do solitário, segui o costume da purificação no Jordão, tomando abertamente o título de filho de Deus e deixando a João o nome de Precursor que ele havia tomado espontaneamente.
“Irmãos meus, o céu é uma designação vaga da morada de Deus. O inferno não existe. A morte é o termo de uma etapa do espírito; as existências sucessivas operam paulatinamente a purificação na natureza dos espíritos, aos quais a justiça de Deus dá a todos, por igual, uma manifestação confusa da verdade, a qual, palmo a palmo, se aperfeiçoa à medida que eles caminham na presciência do porvir, pelo abandono dos instintos materiais e pela pureza dos desejos”.
... Tinha de apresentar-me como filho de Deus, porque a palavra reformador não teria sido suficiente, sendo-me de necessidade conquistar um princípio divino para elevar-me perante a posteridade, para qual talvez tivesse passado ignorado sem este princípio.
Em minhas conversações com João tinha combinado que lançaríamos a semente no meio da gente plebeia e que o título de filho de Deus serviria para atrair as multidões no porvir, para que minha missão fosse proveitosa e imortal.
... Porém vou antes explicar-vos dois milagres referidos em vossos livros e se os prefiro, é por encontrá-los de uma inventiva mais exagerada que os demais.
Na cidade de Jericó um cego encontrou-se no caminho de Jesus e começou a clamar: Jesus filho de Deus faz que me seja dada a vista.
Jesus lhe disse: Te é restituída a vista e ele viu.
Irmãos meus, o cego de Jericó é uma quimera.
O homem enfermo encontrava sempre em mim consolos e também alguns meios de alívio, devidos a meus estudos sobre as enfermidades humanas. Destes milagres eu não tive conhecimento senão pelo que escreveram vossos historiógrafos.
A história dos cinco peixes e dos dois pães multiplicados e distribuídos entre muitos milhares de homens deixou perplexo meu espírito ao ver tão grande insensatez humana.
Ah! – Irmãos meus, Jesus, como acabo de dizer, encontrou-se com frequência no meio de reuniões populares, porém jamais houve algo de sua parte que pudesse dar lugar a semelhantes fábulas. Com que objetivo teria provocado a crença nestes transtornos da natureza material, ao passo que dizia que o poder do Pai residia no esplendor da criação e nas inexoráveis leis naturais da matéria?
No princípio deste livro referi-vos a ressureição de uma menina, ressureição que somente existiu na imaginação dos assistentes, mas que eu deixei passar como fato real porque não via então inconveniente algum nisto. A menina não havia tornado à vida, eu o sabia, porém aproveitei-me da ilusão dos pais para inspirar-lhes a fé na ressureição do espírito. Porém quanto ao que aconteceu em Jericó e em todas as circunstâncias em que se me faz aparecer violando as leis da existência material, insisto em minha negação absoluta a respeito de minha participação em tais mentiras.
Insisto nestes princípios de alta filosofia religiosa: que Deus não transpôs jamais os limites fixados por Ele mesmo; que Deus não concedeu a ninguém a faculdade de transgredir as leis divinas, as quais repousam sobre leis imutáveis, que Deus é um ser demasiadamente perfeito para enganar-se, demasiado justo para favorecer uns e deixar os outros de lado, demasiado adorável para baixar as combinações do gênero das que se encontram a cada passo em vossos pretendidos livros sagrados. – Oh! Certamente Deus me protegeu! – Sim. Deus me conduziu para o porvir para que fosse a luz e o guia; porém nem sempre fui digno dessa honra, e é porque cheguei a sê-lo que pude preceder à Humanidade, em seguida baixar desde essa luz até a Humanidade para abençoá-la com meu sangue e emancipa-la com minhas palavras.
... Minha natureza era, pois, como todas as naturezas humanas, dividida entre a atração da Divina Providência e a atração das alegrias humanas, porém o progresso de meus pensamentos, cada vez melhor e mais intensamente dirigidos para o horizonte celeste, tinha que destruir minhas tendências corporais, convertendo-me no Messias imortal.
A religião universal funda-se na Justiça de Deus, não levanta templos para uma fração de homens, não tem cultos externos forçados; porém dá a paz depois da oração, porque a oração está despida de todas as superstições que acompanham as religiões humanas.
A religião universal manifesta-se com elevação nos pensamentos e o desejo de perfeição. As religiões humanas exigem a fé sem proporcionar o sentimento da fé. Elas acabam por converter o homem em fanático e incrédulo.
A religião universal, irmãos meus, vos diz que todos somos iguais, em virtude de nossa origem. A religião universal vos eleva no porvir e vos defende contra o orgulho, falando-vos do passado.
Durante vários séculos, depois da última humilhação de seu espírito, Jesus assistiu aos procedimentos contrários a toda lei divina dos depositários da autoridade religiosa e se não impediu esses excessos é porque Deus deixa cada um a responsabilidade de suas ações perante a justiça, é porque Deus confirma suas leis não intervindo no exercício da liberdade individual.
Do livro: VIDA DE JESUS DITADA POR ELE MESMO – Páginas 138 a 153

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