Irmãos meus: escutai a narração de minha vida terrena como Messias.
Eu fui o mais velho de sete irmãos.
Meu pai era carpinteiro. Eu tinha vinte e três anos quando ele faleceu.
Os descontentes convenceram-me que eu devia unir-me a eles a ponto que me esqueci de minha própria família. Confiei a estranhos a tarefa de regular os negócios de meu pai, e, surdo aos rogos de minha mãe, ouvindo e pronunciando discursos próprios para excitar as paixões populares, eu me privei de todas as alegrias filiais e me subtraí a toda a influência de meus irmãos.
A respeito dos milagres que me atribuíram, queridos irmãos, nem um só é verdadeiro.
Meu nascimento foi fruto do matrimônio contraído entre José e Maria. José era viúvo e pai de cinco filhos quando se casou com Maria. Estes filhos passaram à posteridade como meus primos. Maria era filha de Joaquim e Ana, da cidade de Jericó, e tinha apenas um irmão chamado Tiago, dois anos moço que ela.
Nasci em Belém. Meu pai e minha mãe fizeram esta viagem, sem dúvida, para tratar de assuntos particulares e por prazer, com o fim de reatar relações comerciais e também para estreitar amizades; eis aí a verdadeira história.
No ano a que chegamos e que é o duodécimo de minha idade, tinha que participar eu também da viagem anual da minha família conjuntamente com o primogênito de meus irmãos consanguíneos. Meu pai havia manifestado sempre para este filho o mais vivo carinho, e os ciúmes oprimiam meu coração quando me esquecia de reprimir essa vergonhosa paixão que queria apoderar-se de mim.
Meu pai era de uma honradez severa, de um caráter violento e despótico. A doçura de minha mãe o desarmava, porém os filhos davam trabalho a este pobre pai, que não suportava com paciência a menor contrariedade, e a incapacidade de seu filho Jesus o irritava tanto quanto as travessuras dos outros.
A bondade do meu irmão mais velho teve a vantagem de destruir meus anteriores descontentamentos motivados pela diferença com que éramos tratados por nosso pai e a terna Maria se alegrava ao ver nossa intimidade.
Durante o dia chegaram algumas pessoas que nos vieram visitar, entre as quais se encontrava José de Arimatéia. Ele, como amigo que era de mau pai, depressa se familiarizou conosco. Rico, nobre e hebreu, José se encontrava por estas razões em contato tanto com os ricos como com os pobres e oprimidos da religião judaica.
Falou-nos dos costumes de Jerusalém, da Sociedade preferida, dos sofrimentos do povo hebreu, e a doçura e a naturalidade de sua linguagem eram tais que ninguém teria suspeitado a diferença de nossa condição social. Despertou o desejo de minha mãe para o cultivo da minha inteligência e perguntou-me quais eram as minhas aptidões e meus deveres habituais. A fantasia de minhas práticas religiosas fê-lo sorrir e pareceu-lhe que minha inteligência se encontrava em tudo retardada.
Desde a primeira conversação de José de Arimatéia com Jesus de Nazareth bem vedes, filhos meus, como Jesus pôde instruir-se não obstante permanecer em sua modesta condição de carpinteiro.
Homens da têmpera de José de Arimatéia atiram a semente e Deus permite que esta semente dê frutos. Homens iguais a José de Arimatéia patenteiam a grandeza da Providência e essa classe de milagres se realiza hoje como se realizava em meus tempos.
Do livro: A VIDA DE JESUS DITADA POR ELE MESMO, páginas 67 a 72. - (RESUMO)
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