Irmãos meus: Minha permanência em Jerusalém durante seis anos consecutivos põe a descoberto os preparativos de minha missão.
Aos vinte e nove anos saí de Jerusalém para tornar-me conhecido nas povoações circunvizinhas. Minhas primeiras tentativas em Nazareth não foram coroadas pelo êxito. Dali me dirigi a Damasco, onde fui bem acolhido.
... Alguns discípulos de Pitágoras humilhavam a natureza humana no porvir, condenando-a a entrar no corpo de um animal qualquer. Alguns honravam a Terra como único mundo e outros compreendiam a majestade do Universo povoado de mundos. Havia os que divagavam no campo das suposições e os que ensinavam a moral baseando-se na imortalidade da alma, cuja origem divina sustentavam.
Compenetrado da alta proteção de Deus, minhas palavras levavam a força de minha convicção. Longe de minha pátria e pobre, era procurado pelos homens de boa vontade e as mulheres, as crianças e os velhos disputavam a honra de servir-me e de conversar comigo.
Comecemos a ocupar-nos, irmãos, da preparação de minha primeira entrevista com João alcunhado O Solitário por seus contemporâneos e que os homens da posteridade converteram em um batizador, posto que a mim, também me batizou nas águas do Jordão, segundo dizem os historiadores.
Tenho que esclarecer alguns fatos que têm permanecido obscuros por erro dos primeiros corruptores da verdade.
João era filho de Ana, filha de Zacarias e de Facega, homem da cidade de Jafa. Ele era o “Grande Espírito”, o piedoso solitário, que era distinguido pelo geral afeto, e os homens tiveram razão em fazer dele um santo, porque esta palavra resume para eles toda perfeição. Pregava o batismo da penitência e a ablução das almas nas águas espirituais. Havia chegado ao ápice da ciência divina e sofria pela inferioridade dos homens que o rodeavam. Não tinha nada de fanático e severidade para consigo mesmo o põe a salvo das críticas que poderiam fazer-se-lhe pela austeridade de seus discursos. A fé ardente que o devorava comunicava a todas as suas imagens a aparência de realidade e permanecia isolado dos prazeres do século, cujas vergonhas analisava com paixão. A superabundância da expressão, a hábil escolha das comparações, a força de seus argumentos colocavam João em primeiro plano entre os oradores de então. Mas a desgraçada humanidade que o rodeava levava-o a excessos de linguagem, a terríveis maldições e fanatizava cada vez mais aquele homem forte que compreendia a perfeição do sacrifício.
A fraude e a depravação dos costumes João atacava com frenesi, e a marcha dos acontecimentos demonstrou que ele não respeitava as cabeças coroadas mais que aos homens de condição inferior.
A centelha de sua voz potente ia buscar a indignidade no palácio e revelava o delito faustosamente rodeado. As plagas da ignorância, as orgias da pobreza encontravam-no com uma compaixão exasperada, que se manifestava com a abundância da palavra e com a dureza da expressão.
Sua palavra tinha então esse caráter de doçura que ele adquiria sempre na solidão e sua reputação aumentava o interesse das povoações circunvizinhas por praticar as imersões no Jordão.
Com frequência ele pregava:
“De vossa lavagem corporal deduzi vossa lavagem espiritual e fazei submergir vossas almas na água da fonte sagrada. O corpo é infinitamente menos precioso que o espírito e, apesar disso, vós nada descuidais para trata-lo e embelecê-lo, ao passo que abandonais o espírito na imundícia das manchas do mal, da perdição e da morte.”
Da pureza de vosso coração, da brancura de vossa alma fazei maior caso e tapai os ouvidos as vãs honras do mundo.”
“Ressuscitai vosso espírito mediante a purificação ao mesmo tempo que conservais vosso corpo são e robusto com os cuidados higiênicos”.
João falará, ele mesmo, no quarto capítulo deste livro e descreverá nosso primeiro encontro, que teve lugar em Betabara.
Do livro: A VIDA DE JESUS DITADA POR ELE MESMO - Páginas 85 a 95 (Resumo)
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